Ministro da Fazenda prepara mensagem com alcance político

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Por Redação
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BASTIDORES: João Villaverde e

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Lais Alegretti

Em busca da credibilidade perdida na política fiscal e para reverter expectativas negativas que contaminam o cenário eleitoral, o governo federal vai dar um passo inédito no início de 2014. Logo no primeiro dia útil do ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai anunciar em Brasília que a meta de superávit primário do governo em 2013, equivalente a R$ 73 bilhões, foi alcançada sem manobra contábil.

O ministro fará um pronunciamento com conteúdo econômico, mas de alcance político. A ideia é transmitir ao mercado financeiro uma mensagem de transparência e ortodoxia no trato das contas públicas. A equipe econômica passou todo o ano de 2013 sob ataque por ter fechado as contas do ano anterior com manobras envolvendo o Fundo Soberano, o BNDES e a Caixa.

O mau humor do mercado com o governo foi destacado pela própria presidente Dilma Rousseff, que chamou o movimento de "guerra psicológica" em seu último pronunciamento à nação, no domingo. A ideia de anunciar os dados iniciais das contas fiscais foi amarrada entre Mantega e o Palácio do Planalto, que quer se desvencilhar da pecha de "maquiador" das contas públicas.

Os dados fiscais de dezembro (e, portanto, do ano como um todo) usualmente são divulgados no fim de janeiro pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Desta vez, a estratégia é antecipar os números principais.

O grande temor da presidente Dilma Rousseff é de que a desconfiança do mercado com a política fiscal não seja um mal-estar sazonal e continue em 2014 "cevando" o que no Planalto é tido como um "desastre político": o rebaixamento da nota de crédito do Brasil junto às agências de rating. O fato seria usado pela oposição como síntese de um governo que patina na área econômica.

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Ao longo de 2013, depois que as manobras contábeis para fechar as contas fiscais do ano anterior foram reveladas, agências como Moody's e S&P reduziram a nota brasileira e sinalizaram que, caso nada fosse feito, novas reduções poderiam ocorrer - o que levaria ao "downgrade" do País, que ainda sustenta o "grau de investimento".

Até novembro, o governo central economizou R$ 62,4 bilhões para o pagamento dos juros da dívida pública. Apenas com um forte saldo primário em dezembro (que precisa ser de, no mínimo, R$ 10,6 bilhões), a meta será atingida.

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