
29 de fevereiro de 2012 | 03h05
Sem esconder a frustração por ter sido pressionada a desistir da disputa para a sucessão paulistana, a senadora Marta Suplicy (SP) disse ontem que o PT "errou" e foi "precipitado" ao flertar com o prefeito Gilberto Kassab (PSD), a quem sempre combateu. Marta fez a crítica por meio do Twitter e seus comentários dividiram o PT.
"No processo eleitoral de São Paulo, é preciso reconhecer que erramos. Fomos precipitados. Ficamos flertando com o adversário enquanto nossos tradicionais aliados migraram para o lado deles (tucanos)", tuitou Marta.
Logo depois de postar a mensagem, Marta passou a receber telefonemas. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve ontem no gabinete da senadora e lhe deu apoio. "Você está certa", afirmou o ministro. "Nunca tive dúvida que o Kassab estava a serviço do (ex-governador José) Serra", respondeu a senadora.
Marta abriu mão de concorrer a uma prévia no PT, a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff, para que houvesse consenso em torno da candidatura do ex-ministro Fernando Haddad. Na ocasião, a senadora disse a Lula que ele estava errado porque Serra seria candidato. Marta sempre achou que teria maior chance de derrotar o tucano, mas o ex-presidente quis apostar numa "cara nova".
Lula duvidou que Serra entrasse no páreo e aceitou a oferta de Kassab para uma aliança com Haddad, sepultada na semana passada diante da decisão do tucano de disputar a Prefeitura.
Irritada, Marta ainda não entrou na campanha de Haddad, alegando que era preciso aguardar a decisão do PT para não acordar "de mãos dadas" com o prefeito.
Beijinho. "Eu não concordo com a Marta e acho que nossos tradicionais aliados já estavam com Kassab e com (o governador Geraldo) Alckmin", comentou o deputado André Vargas, secretário de Comunicação do PT. "É só ver as datas das nomeações."
Para Vargas, nem Lula nem o PT erraram ao "dar corda" para Kassab. Na tentativa de desfazer o mal estar provocado pela ida do prefeito à festa de aniversário do PT, no dia 10, o deputado disse que o PT está "aberto" a novas parcerias. "Ninguém elogiou Kassab, não disse que ele era fantástico e não teve nem beijinho. Só sentamos para conversar porque não somos sectários."
O presidente estadual do partido, Edinho Silva, afirmou respeitar a opinião de Marta, mas alegou que "o PT acertou ao dialogar com um partido que apoia o governo Dilma, tem aliança conosco nas principais cidades do Estado e é aliado de vários governadores do PT". Presidente do diretório paulistano, Antonio Donato disse que "não existiu nenhuma negociação por parte da direção municipal". Haddad não quis comentar, pois não teria visto o tuíte de Marta. / COLABOROU FERNANDO GALLO
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