Marqueteiro político ‘tardio’ foi do ‘Bolsodoria’ à Peppa Pig

Após vitórias com Doria, Daniel Braga, que estreou em campanhas em 2016, coordena candidatura de Joice em São Paulo

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Por Pedro Venceslau
Atualização:

Coordenador de comunicação da campanha da deputada Joice Hasselmann (PSL) à Prefeitura de São Paulo, o publicitário Daniel Braga, 44 anos, despontou tarde no concorrido mercado do marketing político. Foi precisamente no dia 15 de agosto de 2015, quando assumiu a conta do primeiro cliente com um projeto de poder: o empresário João Doria, então presidente do Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

Naquele momento o favorito para disputar a prefeitura de São Paulo em 2016 pelo PSDB era o vereador Andrea Matarazzo, um tucano com laços estreitos de amizade com Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aloysio Nunes e demais integrantes do núcleo duro da legenda em São Paulo.

Daniel Braga écoordenador de comunicação da campanha de Joice Hasselmann (PSL) Foto: Daniel Teixeira / Estadão

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Reeleito em 2014 para o quarto mandato como governador, Geraldo Alckmin, assistia de longe a movimentação de Matarazzo quando Doria, novato no partido, manifestou interesse de entrar na disputa. Alckmin, que começou a carreira como vereador em Pindamonhangaba, sempre manteve uma relação cordial mas distante do chamado “grupo de Higienópolis”, em uma referência ao bairro onde moram os principais dirigentes tucanos.

Com sinal verde do Palácio dos Bandeirantes para disputar as prévias do PSDB, Doria adotou uma estratégia que mais tarde seria copiada por outros políticos, e transformou sua rotina em uma espécie de reality show. “Foi nesse dia que fiz o primeiro post do João no Facebook. Essa foi a virada da chave que separou o Lide da política”, recorda Braga.

O publicitário passava até 20 horas por dia com Doria registrando andanças pela cidade, conversas com militantes do PSDB, discursos exaltados contra o PT e a pregação de uma “nova política”. Depois da vitória nas conturbadas prévias internas, Braga montou o time de comunicação da campanha e chamou os marqueteiros Átila Francucci e Lula Guimarães. “O João foi de 126 mil seguidores em agosto para 2015 para 4.8 milhões somadas todas as redes”, afirma Braga.

Foi a vitória de Doria no primeiro turno que colocou Daniel Braga na vitrine do marketing político digital. Em 2017 ele foi chamado para integrar a equipe criada pelo presidente Michel Temer para dar um “up grade” nas reformas trabalhista e da Previdência. Em 2018, dois anos depois de ajudar a eleger Doria prefeito, Braga montou uma equipe de 140 pessoas para comandar a área digital de duas campanhas simultaneamente: do tucano para o governo paulista e do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (MDB) à Presidência. 

Meirelles terminou a disputa com pouco mais de 1% dos votos, mas Doria foi eleito governador após uma reviravolta na reta final da campanha no primeiro turno, quando liderou a estratégia que ficou conhecida como “Bolsodoria” – apesar de os tucanos disputarem a presidência com Alckmin. Estacionado na ponta de baixo das pesquisas, Alckmin ainda era o candidato do PSDB quando começaram a surgir adesivos e postagens de militantes com a marca que unia o candidato do PSL à presidência a Doria em São Paulo.

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Aproximação

Foi durante a campanha de 2018 que Braga se aproximou da então candidata à deputada federal Joice Hasselmann (PSL). Os laços se estreitaram no ano seguinte quando ela assumiu a liderança do governo na Câmara e ele foi chamado pelo Ministério da Fazenda para integrar o grupo de comunicação responsável por promover a “Nova Previdência”. Na campanha de 2020 a contratação de Braga para a campanha da deputada foi um movimento natural e que teve a bênção de Doria.

“A Joice sofreu muito bullying após romper com a família Bolsonaro. Isso mexeu muito com a autoestima dela. O início da campanha foi um grito anti-bullying”, disse o publicitário ao comentar a escolha da personagem Pepa Pig como símbolo da candidata. Sobre o desempenho nas pesquisas – Joice não passou dos 3% – Braga relativiza. “As pesquisas refletem o recall, e não a intenção de voto.”

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