A candidata a presidente Marina Silva (PSB) usou o jato Cessna Citation pago com dinheiro de empresas fantasmas, que caiu no dia 13, em Santos (SP), matando Eduardo Campos e outras seis pessoas. No dia 26 de julho, a candidata desembarcou da aeronave no aeroporto de Juiz de Fora (MG) ao lado de Campos.
Na data, ela ainda era candidata à vice, e cumpriu agenda na região ao lado dos candidatos locais do PSB e inaugurou uma Casa Eduardo e Marina. Imagem feita pela TV Integração, afiliada da rede Globo local, mostra os dois no momento do desembarque. Abaixo da janela ao lado da porta do jato é possível ver a marca do Cessna Citation.
Três dias após o acidente, Marina declarou ter sido uma "providência divina" não ter embarcado no mesmo voo de Campos. Ela havia sido convidada pelo ex-governador, mas preferiu seguir em outra aeronave, para São Paulo.
O avião, avaliado em US$ 8,5 milhões, era usado desde 15 de maio pelo candidato do PSB. O empréstimo ou locação não foram declarados pelo comitê financeiro de Campos. Ontem, o presidente nacional do partido, Roberto Amaral, divulgou nota em que afirmou que o pagamento pelas horas de voo seria feito ao final da campanha. A Lei Eleitoral e o Código de Aviação impedem o uso do jato para locação ou por empréstimo.
O PSB tentará blindar Marina das responsabilidades com Justiça Eleitoral pelo uso indevido do jato. Para isso, vai argumentar que qualquer irregularidade estará vinculada ao comitê financeiro aberto com Campos candidato.
Nessa terça-feira, 26, documentos da AF Andrade - empresa de Ribeirão Preto que tem o jato registrado em seu nome - comprovaram que o empresário pernambucano José Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, aliado de Campos, comprou o jato e usou empresas sem endereço real nem lastro financeiro para pagar uma dívida inicial de R$ 1,7 milhão que a AF Andrade tinha referente ao financiamento da aeronave (feito por leasing com a Cessna Finance Export).