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Marina diz a Renata Campos que apoiar PSDB será sacrifício

Em conversa reservada com viúva de ex-governador de Pernambuco, ex-ministra afirma que estava entre ‘caminho para a cruz’ e ‘inferno’

Por Isadora Peron
Atualização:
A terceira colocada da corrida presidencial, Marina Silva (PSB) Foto: Nelson Almeida/AFP

Em conversa por telefone com a viúva de Eduardo Campos, Renata, na noite de segunda-feira, a terceira colocada da corrida presidencial, Marina Silva (PSB), comparou o apoio a Aécio Neves (PSDB) a um “caminho para a cruz”. Amanhã, a coligação que apoiou Marina vai anunciar a adesão ao tucano. Segundo uma pessoa próxima a Marina, ela disse que, após ficar de fora do 2.º turno da corrida presidencial, “dois caminhos” a “levam para a cruz e um para o inferno”. A decisão entre ficar neutra, como fez nas eleições de 2010, ou apoiar Aécio seriam os dois rumos que lembram o sacrifício de Jesus Cristo. O “inferno” seria fazer uma aliança com o PT da presidente Dilma Rousseff. Para aliados, depois dos ataques vindos da campanha petista no 1.º turno, tornou-se praticamente impossível apoiar a candidata à reeleição. Marina, que foi ministra do Meio Ambiente no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e filiada ao PT por mais de duas décadas, ficou profundamente magoada com os ataques dos antigos companheiros de sigla. No domingo, em seu pronunciamento após o resultado da votação, Marina indicou que não ficaria neutra e que o brasileiro havia demonstrado nas urnas que não concordava mais com os rumos do atual governo. Construção. Na terça-feira, a terceira colocada da disputa presidencial divulgou nota dizendo que os partidos de sua coligação - incluindo a Rede Sustentabilidade, legenda que teve o registro negado pela Justiça Eleitoral no prazo para que pudesse lançar a candidatura de sua idealizadora - vão “construir um posicionamento comum sobre a continuidade da disputa pela Presidência da República”. Distribuído pela página da Rede no Facebook, o texto afirma que as declarações de dirigentes e partidos que formaram a coligação “não refletem em nenhuma hipótese a opinião da ex-candidata” ao Palácio do Planalto. Apesar de ainda não ter dado declarações oficiais e manter certo mistério sobre seu futuro político, Marina já decidiu pelo apoio a Aécio. Agora, ela tenta construir o que chama de “aliança programática” para que isso não pareça apenas um acerto de conveniência política. A ideia é criar convergências entre as propostas dela e as do tucano, pedindo pequenas alterações no plano de governo do PSDB. Marina também não quer assumir sua posição publicamente antes de discutir o assunto com integrantes da Rede. A primeira reunião, com membros da Executiva, prosseguia até a conclusão desta edição. Outra conversa mais ampla está marcada para hoje. Apesar de aliados mais próximos de Marina endossarem a aliança com o PSDB, o apoio ao tucano não é consenso na Rede, em especial na ala mais jovem do grupo. O mesmo tipo de divergência ocorreu no ano passado, quando a ex-ministra decidiu se filiar ao PSB e apoiar a candidatura à Presidência de Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em agosto. Marina vai procurar convencê-los, como fez naquela época, numa tentativa de chegar ao que chama de “consenso progressivo”. Em outra nota divulgada na terça-feira, a Rede afirmou que Marina está se dedicando “a ouvir e dialogar com seus pares para que, juntos, possam chegar a um consenso sobre qual posição tomar diante do cenário nacional”. Pernambuco. Nesta terça-feira, uma comissão do PSB pernambucano liderada pelo governador eleito, Paulo Câmara, esteve em São Paulo para conversar com Marina. Após consultar Renata Campos, o grupo definiu que vai defender que a sigla apoie Aécio. A Executiva Nacional do PSB tem reunião hoje, em Brasília, para tomar uma decisão. Câmara afirmou que levará a posição da viúva de Campos à Executiva, mas não quis declará-la em público na terça-feira, ao sair da casa de Marina. “Amanhã (hoje) vocês vão saber. De amanhã não passa”, desconversou. / COLABOROU ANA FERNANDES

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