Manifestações pró-golpe têm baixa adesão

Em São Paulo, 'Marcha Antifascista' promoveu contraponto a movimento pela volta dos militares

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Por Roldão Arruda
Atualização:

A tentativa de se reeditar em São Paulo a histórica Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu meio milhão de pessoas em 19 de março de 1964 e antecipou o golpe militar, não teve sucesso. Segundo cálculo da Polícia Militar, em seu momento de maior concentração, a marcha reuniu 700 pessoas. No trajeto entre a Praça da República e a Catedral da Sé, no centro da cidade, uma grande faixa verde e amarela, que pedia "intervenção militar", abriu a marcha.

Manifestações semelhantes realizadas em outras capitais do País tiveram adesão muito menor. No Rio, a marcha reuniu 150 pessoas. Elas quase entraram em conflito com um grupo de outras 50 que se manifestavam contra o golpe de 1964. A PM conseguiu evitar o conflito estabelecendo um cordão de isolamento entre os grupos.

Em Brasília, Fortaleza e Campinas, manifestações ocorridas nas proximidades de unidades do Exército não reuniram mais que 40 pessoas em cada uma. Em Recife, o ato programado para lembrar o golpe, no centro da cidade, teve 25 simpatizantes.

Contramarcha.

Em São Paulo foi realizado no mesmo horário a Marcha Antifascista, que reuniu 800 pessoas na Praça da Sé. Nela, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) falou aos manifestantes, citou Martin Luther King e cantou um trecho de Pra Não Dizer Que Não Falei De Flores, de Geraldo Vandré.

Da praça os manifestantes seguiram até a antiga sede do Dops, um dos mais ativos centro de tortura de presos políticos na ditadura, hoje transformado em Memorial da Ditadura, no Largo General Osório.

Nas diferentes tentativas de reedição da Marcha da Família o alvo principal foi o PT. Em São Paulo, algumas das palavras de ordem mais repetidas eram "Fora PT", "Cadeia Pro PT", "Dilma Safada" e "1,2,3. Lula no Xadrez". Nos discursos, os petistas também foram acusados de estarem implantando o regime comunista no País. Os manifestantes também criticaram as cotas raciais, o voto obrigatório, as urnas eletrônicas e o Marco Civil da Internet. Luciano Marrelli, um dos oradores, propôs a candidatura do general reformado Augusto Heleno à Presidência.

Nas suas quase quatro horas, a marcha teve momentos de tensão. Dois rapazes com roupas femininas e cartazes dizendo Marchinha Quase da Família foram agredidos a pontapés e tiveram seus cartazes rasgados. Ao final do dia a Polícia Militar informou que seis pessoas foram detidas nas duas manifestações. /

COLABORARAM RICARDO BRANDT, ANGELA LACERDA, CARMEM POMPEU, MURILLO FERRARI, KLEITON RENZO

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