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Mágoa do MDB com ACM Neto impede aliança do partido com DEM na Bahia

Apesar dos acenos aos emedebistas do pré-candidato do DEM ao governo, José Ronaldo, um acordo entre as legendas é descartado para o primeiro turno

Por Yuri Silva
Atualização:

SALVADOR - A mágoa que a cúpula do MDB baiano guarda do prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, que desistiu de ser candidato ao governo da Bahia para não ter sua imagem associada aos escândalos de corrupção envolvendo a família Vieira Lima, é o principal entrave para uma aliança nas eleições 2018 entre as duas siglas hoje no Estado. Mesmo com acenos insistentes do pré-candidato do DEM, José Ronaldo, na direção do postulante emedebista, o ex-ministro da Integração Nacional João Santana, a possibilidade de um acordo entre as duas legendas é praticamente descartado para o primeiro turno.

“Pode ter certeza que eu desejo o apoio do MDB. Eles têm um candidato e eu tenho de respeitar. Mas, se com o passar do tempo, João Santana entender que podemos ficar juntos, eu receberei esse apoio. Estou trabalhando para isso, porque ninguém fica parado, só poste”, afirmou José Ronaldo ao Estado.

Ex-ministro da Integração Nacional, João Santana é o pré-candidato do MDB para o Governo baiano nas eleições 2018 Foto: Divulgação/ Assessoria

Apesar da declaração, atualmente, às vésperas do anúncio da chapa majoritária encabeçada pelo DEM, considerada a principal pré-candidatura de oposição ao governador Rui Costa (PT), aliados tanto de José Ronaldo quanto de João Santana trabalham sem considerar a hipótese de uma união das duas postulações no primeiro turno.

Encontros entre os dois pré-candidatos para discutir uma possível composição ocorreram, mas não houve consenso. Além disso, na última semana, emissários do DEM voltaram a procurar o deputado Lúcio Vieira Lima, principal cacique do MDB da Bahia, para consultá-lo sobre uma possível aliança, mas ele rejeitou aderir à postulação de José Ronaldo.

Conforme relatos feitos por interlocutores emedebistas à reportagem, Lúcio enviou, como resposta ao contato, a proposta de que o DEM abra mão de ter candidato próprio. Nos bastidores, a pré-candidatura de João Santana é vista como uma forma de impulsionar a votação do deputado federal.

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“Não temos nada contra José Ronaldo, mas ele anda acompanhado de pessoas estranhas”, afirmou João Santana ao Estado, referindo-se ao prefeito de Salvador. As afirmações públicas de ACM Neto, dizendo que não se aliaria ao MDB caso fosse candidato, irritaram a direção do partido, comandado há décadas pelos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima - réus da Lava Jato por lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso do "bunker" de R$ 51 milhões; Geddel está preso desde setembro.

Para Santana, ACM Neto agiu com “ingratidão”. “Duas vezes nós votamos nele. Como eu sirvo para ajudá-lo a ganhar a eleição duas vezes e logo depois não presto? É um desrespeito você dizer que um partido como o MDB não vale nada. Não nos sentimos traídos, mas a ingratidão tira feição. Nós fomos rejeitados na origem”, afirmou o postulante emedebista, admitindo, entretanto, que “havia uma tendência natural” de apoiar a candidatura do DEM ao governo da Bahia antes das declarações pública do prefeito de Salvador.

Já Lúcio nega que haja mágoa com o dirigente do DEM. “Eu não faço política com mágoa. Eu estou pensando em mim, assim como eles estão pensando neles e o PT está pensando em si próprio”, afirmou o mandatário emedebista. É impossível, disse ele, uma aliança com o DEM antes do segundo turno da eleição.