Lula sugeriu a Dilma mudança no PAC

Ex-presidente diz a interlocutores que sucessora tem de dar mais atenção à infraestrutura; Planalto estuda mudar gerência do programa

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Por Vera Rosa , Edna Simão e BRASÍLIA
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Preocupado com os problemas enfrentados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a interlocutores do PT que é necessário fortalecer a coordenação do plano para fazer a infraestrutura do País andar. Em conversas reservadas com petistas, na semana passada, Lula defendeu o rearranjo de tarefas ao comentar que, no seu governo, o PAC era tocado por "uma equipe" da Casa Civil, no Palácio do Planalto. "A grande marca do nosso projeto é a infraestrutura e não podemos nos descuidar disso", afirmou o ex-presidente, de acordo com relato de dois amigos que estiveram com ele. Lula lembrou que desde que foi criado, em 2007, o PAC sempre foi tocado por um quarteto, formado por Dilma Rousseff, então ministra-chefe da Casa Civil; Erenice Guerra, à época secretária executiva, Miriam Belchior e Tereza Campelo, responsáveis pela Articulação e Monitoramento. Atualmente, só Miriam - hoje ministra do Planejamento - está na gerência do PAC. Tereza é titular do Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Brasil Sem Miséria, e Erenice caiu no ano passado, no rastro de denúncias de tráfico de influência na Casa Civil. No diagnóstico de Lula, o governo Dilma está indo "muito bem" na administração da economia e já começa a construir uma marca própria na área social, mas não pode se esquecer da infraestrutura. Com a mesma avaliação, Dilma estuda mudanças no modelo de coordenação do PAC, mas ficou irritada com o vazamento da notícia. Apesar dos desmentidos oficiais, ela tem conversado com Lula sobre o assunto e, sem alarde, planeja transferir a gerência de áreas de infraestrutura do programa - como rodovias, ferrovias e recursos hídricos - da seara do Planejamento para a Casa Civil. Chamada de "mãe do PAC" no governo Lula, Dilma quer voltar a acompanhar mais de perto as ações do plano. Hoje, a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, já trata do PAC dos portos e dos aeroportos. Na prática, a ideia é reforçar a coordenação do programa e não desidratar o Planejamento, que continuaria cuidando do principal eixo do PAC, o de habitação, impulsionado pelo Minha Casa, Minha Vida. A propósito, Lula teria dito aos amigos também que Miriam "precisa de outra Miriam".A ministra usou ontem a apresentação de um balanço do PAC, em comissão do Senado, para se defender das acusações de que o ritmo dos investimentos públicos na área de infraestrutura está aquém do esperado para ajudar a aquecer a economia. Durante 40 minutos, Miriam tentou mostrar que a execução orçamentária do PAC vai bem. Segundo ela, os pagamentos referentes à segunda etapa do programa chegaram a R$ 22,8 bilhões em 30 de novembro. "Estamos no patamar (de execução) de 2010, em linha com o desempenho crescente do PAC", afirmou. Para Miriam, o País está em situação privilegiada para enfrentar a crise. Diante dos senadores, ela admitiu que o PAC já passou por dificuldades como a falta de projetos de qualidade.

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