Líder em ranking, Poá é gerida por prefeito cassado

Cidade paulista não deve à Previdência e consegue aplicar mais de 50% do que arrecada em tributos na saúde e na educação

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Por Breno Pires
Atualização:

A campeã do ranking de gestão fiscal da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) é Poá, no leste da região metropolitana de São Paulo, com índice de 0,9618 - o máximo é 1. Ao tomar conhecimento do fato, o prefeito Francisco Pereira de Sousa (PDT) reagiu com alívio. Testinha, como ele é conhecido, teve o diploma cassado há cerca de um mês pelo Tribunal Regional Eleitoral paulista. Ele recorreu e segue à frente da Prefeitura, até que o tribunal analise o recurso. Testinha foi enquadrado na Lei de Inelegibilidade - a lei complementar n.º 64 - , que torna inelegíveis os condenados à suspensão dos direitos políticos "por ato doloso de improbidade administrativa". Sua condenação, em dezembro de 2012, deveu-se à sua decisão de mandar pintar de laranja lugares públicos, uniformes de estudantes e funcionários e até material escolar. Seria a cor oficial de sua campanha por reeleição e o ato foi interpretado como autopromoção. Cores à parte - ele já mudou para azul -, as notas obtidas pela cidade são respeitáveis. Com 106 mil habitantes, localizada a 34 quilômetros de São Paulo, uma das 11 estâncias hidrominerais do Estado, a cidade conquistou na pesquisa da Firjan o índice máximo (1) nos itens receita própria e investimentos. Além disso, chegou a 0,9981 em liquidez e a 90,9264 em custo da dívida, entre outros. Os gastos com pessoal tiveram o índice de 0,8650 (ante 0,8445 no ano anterior).O prefeito atribui parte do sucesso de sua gestão na área fiscal ao pagamento da dívida pública. Sua secretária de finanças, Leondir Casagrande, afirma que a dívida com o Instituto Nacional de Seguridade Social, o INSS, foi inteiramente quitada em 2011. Os precatórios municipais, outra dívida que geralmente incomoda muitas outras administrações, ela espera liquidar no prazo de um ano. Serviços. A prefeitura, que tem grande arrecadação, aposta na arrecadação do Imposto Sobre Serviço (ISS) baixo para atrair o interesse das empresas. A taxa atual do tributo, em Poá, é de 2% - contra 5% de São Paulo, por exemplo. Uma das empresas sediadas na cidade que mais deixam impostos é o Banco Itaucard, braço do banco Itaú que administra o Itaú Empresas. A Aunde e a Ibar são outras que também dão contribuição significativa para os cofres municipais. Com o controle de gastos, o prefeito afirma que tem conseguido realizar mais investimentos em educação e saúde. A soma dos recursos empenhados nesses dois setores, pelo município, ultrapassa os 50% do valor arrecadado com impostos durante o ano.O prefeito exibe, orgulhoso, a escola Professor José Antônio Bortolozzo como padrão de excelência em estrutura. Inaugurada em junho de 2012, ao custo de R$ 11,181 milhões, ela tem salas amplas, piscina, quadra poliesportiva, sala de dança, sala de informática e anfiteatro com capacidade para 900 alunos. Mas a situação é diferente em outra escola, a Antonio Carlos de Paula Sousa. O próprio prefeito chama a institjuição de "depósito de alunos". Ali estudam cerca de 700 crianças e adolescentes, que deverão no próximo ano ser transferidos para uma nova escola. "Nosso problema aqui é a estrutura. Existe a cobrança de pais e professores", explica Andreia de Araújo, coordenadora da escola.

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