PORTO ALEGRE - De família “nada politizada”, Fábio Ostermann elegeu-se deputado estadual no Rio Grande do Sul nas eleições 2018 com a maior votação do partido Novo no Parlamento gaúcho: 48.897 votos. “Minha expectativa era fazer uns 30 mil votos. Sabia das dificuldades, sofri com campanha negativa tanto da esquerda quanto da direita. Esse é um fardo que nós liberais temos que carregar”, afirmou.
Liberal convicto, ele já chegou a “flertar com a esquerda” quando ainda estava na escola, em Porto Alegre. “Sempre gostei de ler, mas infelizmente a literatura que se oferecia era uma que acabou formando algumas concepções de esquerda”, disse.
Hoje, com 34 anos, o agora deputado estadual é formado em direito, mas pós-graduado em ciência política e estudou na Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos. Ostermann é figura certa em movimentos liberais, como o Students for Liberty Brasil, o Instituto Liberdade e Instituto de Estudos Empresariais, ajudando até a fundar alguns, como o Movimento Brasil Livre (MBL), ainda em 2014. No ano seguinte, saiu do grupo por divergências internas.
“Eu poderia ter ficado no MBL. Eu poderia ser mais votado que o Kim (Kataguiri) e o Arthur Mamãe Falei. Mas saí porque passei a não concordar com as visões de quem co-coordenava os trabalhos”, disse.
Já seu engajamento na política partidária começou ainda em 2013, ao ajudar a fundar o partido Novo no Rio Grande do Sul. Após se afastar por um período da política para estudos e trabalho, ele recebeu um convite para fazer parte de um movimento “de cunho liberal” dentro do PSL, o Livres. “Um partido fisiológico, sem identidade, mas que tinha lideranças que queriam construir um partido liberal de verdade”, disse.
Pelo partido, concorreu à prefeitura de Porto Alegre em 2016, mas fez apenas 7.054 votos. E sua saída do PSL se deu justamente pela filiação do presidenciável Jair Bolsonaro, em 2018.
“Optamos por sair não só por não chancelar os preceitos ideológicos que envolve o ‘Bolsonarismo’, mas também as práticas que envolveram a chegada dele no partido”, afirmou. Segundo Ostermann, um acordo foi quebrado dentro da sigla que garantiria o cunho “liberal” da sigla. “Não poderíamos ser complacentes com esse caciquismo da velha política”.
Na Assembleia Legislativa gaúcha, Ostermann pretende trabalhar com “compromissos” ao invés de promessas. “Poderia propor a redução do ICMS pela metade, mas sei que isso não é possível. Meu compromisso é combater todo e qualquer aumento de impostos, por exemplo”, disse. Entre os seus “compromissos” está o enxugamento do Estado, privatizações e transparência.
Para o governo do Estado, que está num segundo turno entre José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB), Ostermann afirma que será “independente” no Parlamento..
3 perguntas para...
Por que entrou na política?
Eu queria entender como a sociedade se organizava. Não sou de família rica, mas nunca nos faltou nada. Sempre me angustiou o porquê que algumas pessoas não tinham o que eu tinha, porque muitas crianças não tinham teto, não tinham as oportunidades de estudo que eu tive.
Como foi a campanha?
Começamos a nos estruturar com uma galera muito jovem, pessoal essencialmente inexperiente mas com muita dedicação, capacidade de fazer acontecer. E eu estive presente em todas as rotinas, viajei muito, todos os vídeos foram roteirizados por mim, fazia postagens nas redes sociais. Quase enlouqueci minha equipe.
Bolsonaro ou Haddad?
É uma pergunta difícil. Ela carrega consigo uma escolha de Sofia. Não vou votar no PT de jeito nenhum. O PT foi uma das forças mais prejudiciais para a nossa democracia. Mas eu não deixo meu antipetistmo me cegar e me fazer endossar um projeto político que também é autoritário, que é o do Bolsonaro. Então, não vou endossar publicamente nenhuma candidatura.