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Kassab ignora ataques de Marta e vai à festa do PT

Apesar de o PSD não ser oficialmente da base de Dilma, prefeito sobe ao palco de evento, é vaiado por militância e aplaudido por cúpula

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Por BRASÍLIA
Atualização:

Um dia após a senadora Marta Suplicy ter dito que teme acabar de "mãos dadas" com Gilberto Kassab numa eventual aliança entre seus partidos na eleição deste ano em São Paulo, o prefeito da capital, fundador do PSD, elogiou a petista e fez questão de comparecer à festa em comemoração aos 32 anos do PT, em Brasília. Ao ser apresentado oficialmente, ele chegou a ser vaiado pela militância, mas ganhou aplausos dos líderes que estavam a seu lado no palco principal.A presença de Kassab foi um gesto público do prefeito para deixar às claras que negocia com o PT uma aliança em torno do apoio ao ex-ministro Fernando Haddad na eleição. O fundador e principal líder do PSD também elogiou Marta, apesar do ataque desferido por ela anteontem. Kassab afirmou ter "muito respeito por ela". Disse ainda que uma das principais qualidades da senadora é a sinceridade. "A preocupação dela é a de quem já exteriorizou em alguns momentos discordância com a administração, foi em alguns momentos nossa adversária. E eu vejo com muita naturalidade. Eu não acredito que a Marta nos tenha como inimigos. Ela nos teve como adversários", afirmou o prefeito, para quem subir no palanque com petistas seria algo natural em uma aliança. Marta não compareceu à festa do PT.Haddad também participou da comemoração e minimizou a visita do prefeito ao afirmar apenas que ele era "bem-vindo" à festa. Segundo o PT, Kassab compareceu à cerimônia na condição de "presidente de um partido aliado ao governo Dilma". Porém o PSD não integra oficialmente a base de apoio ao Planalto, ainda que tenha votado com os governista no ano passado.A afirmação de Marta se referia ao fato de ela ainda não ter entrado na campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo. A senadora abriu mão da disputa pelo cargo a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu tenho o direito de não mergulhar de cabeça e aguardar a decisão do meu partido sobre a aliança. Preciso ser muito cuidadosa, porque senão corro o risco de acordar num palanque de mãos dadas com Kassab", disse ela anteontem, referindo-se sobre a possível chapa conjunta entre PT e PSD. Kassab mantém o discurso de que a prioridade do PSD é esgotar todas as possibilidades antes de abrir mão da candidatura própria. "Aliás, temos um candidato muito bem preparado, o vice-governador Guilherme Afif Domingos", disse ele ontem. Questionado sobre as críticas que recebeu de integrantes de seu ex-partido, o DEM, de que ele esvaziou a sigla após a criação do PSD, Kassab fez piada. "Você está me dizendo que lá no DEM os dirigentes estavam dizendo que acabou o partido? Eu lamento também", afirmou o prefeito, sorrindo.Na espera. Apesar de ter comparecido à festa do PT, o prefeito ainda aguarda um posicionamento dos tucanos paulistas, aliados dele na administração da capital, quanto à possibilidade de repetirem a união vitoriosa em 2004, quando José Serra derrotou Marta Suplicy no segundo turno. Kassab era o vice de Serra.O PSDB não cogita abrir mão da cabeça da chapa. De seu lado, no entanto, o PSD de Kassab avalia que os tucanos não têm um nome com peso eleitoral para concorrer com chances de vitória à Prefeitura de São Paulo. As prévias do PSDB para a escolha desse nome estão marcadas para o mês que vem. / ARTUR RODRIGUES, EUGÊNIA LOPES e RICARDO BRITO

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