Política é, sim, coisa de criança. Essa é a filosofia de um projeto em execução desde 2017 no município de Jundiaí, em São Paulo, que integra sociedade e poder público, colocando a criança como foco na definição de políticas públicas. O projeto Criança na Cidade permitiu avanços que vão do aumento de áreas verdes e espaços públicos para lazer até a reforma de calçadas e melhorias de sinalização no entorno de escolas e creches.
A adoção das medidas passa pelo Comitê das Crianças, órgão formado por 28 integrantes de 8 a 11 anos que se reúne uma vez por mês para discutir como melhorar a cidade. Por causa da pandemia da covid-19, neste ano as reuniões ocorreram por videoconferência.
A diretora de Urbanismo do município, Sylvia Angelini, lidera a iniciativa. Arquiteta por formação e servidora pública desde 2004, ela afirmou que um dos principais resultados do projeto foi a definição de um capítulo no Plano Diretor de Jundiaí destinado às crianças. Avanço obtido, segundo ela, por meio do diálogo.
As diretrizes orientam a criação de rotas seguras e espaços que valorizem o papel educador do território e partem do entendimento de que a infância é um importante período de desenvolvimento físico, psíquico, social e humano. Uma forma de estabelecer uma relação saudável da criança com a cidade.
‘Simples’
"O incentivo ao uso compartilhado de espaços públicos é uma tendência”, disse Sylvia, para quem o poder público deve agir com sensibilidade e sempre aberto a inovações. “É necessário decidir com base em dados, planejamento, avaliando o número de pessoas atingidas, o investimento e o retorno esperado. E optar por ações simples, mas que podem trazer grandes benefícios para a população”, afirmou.
“Uma cidade boa para as crianças é uma cidade boa para todos”, disse Maria Sueli de Camargo, avó de Laura, de 11 anos, que participa do comitê desde o ano passado. “Eles discutem o que consideram questões mais importantes, fazem um documento e entregam ao prefeito. É um projeto diferente, inovador, que dá voz e autonomia às crianças e ensina responsabilidades para que elas possam achar meios de melhorar a cidade.”
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