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João Paulo diz 'confiar nos outros ministros'

Único réu do mensalão que disputa a eleição deste ano, deputado questiona voto de relator

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Por Felipe Frazão
Atualização:

Único réu do mensalão a disputar as eleições municipais deste ano, o deputado federal João Paulo Cunha (PT) questionou ontem o voto do relator do processo no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, que pediu a sua condenação pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. "Não concordo com a sentença do relator, mas é a opinião dele. Acredito que a justiça será feita", disse o parlamentar. "Estou muito seguro do meu processo, da minha defesa e das minhas alegações finais. E seguro que o Supremo vai praticar justiça. Se praticar, ficarei satisfeito." João Paulo é acusado de desvios em um contrato firmado entre a Câmara dos Deputados e a agência SMPB, cujo proprietário era Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o "operador" do mensalão. A mulher de João Paulo também sacou R$ 50 mil de uma agência do Banco Rural de Brasília abastecida por Marcos Valério. O parlamentar nega que tenha favorecido a empresa de Valério e que tivesse conhecimento da origem ilícita do dinheiro, como votou o ministro Barbosa. "Confio nos dez outros ministros", disse João Paulo. "Acredito que todos eles tenham abertura suficiente para entender o contraditório de uma peça jurídica. Ao ler as peças contraditórias, eles vão poder descobrir de que lado a balança da Justiça tem de pender. E ao fim, se Deus quiser, vamos poder comemorar." Ao inaugurar o comitê evangélico da campanha à Prefeitura de Osasco, João Paulo citou passagens bíblicas. Ele tentava mostrar aos candidatos evangélicos a vereador e militantes presentes que busca ânimo para enfrentar as dificuldades na fé e na crença em Deus: "Não há o que temer se você está em boa companhia, tem uma boa causa, razão e segurança do que fez e não fez."João Paulo afirmou que não vai abandonar a campanha. Em nota, o PT de Osasco reafirmou que não tem "plano B".Debate na TV. O prefeito de Osasco, Emídio de Souza (PT), afirmou que o fato de João Paulo ter sido o primeiro réu a ser julgado "surpreendeu a todo mundo". João Paulo disse não ter se abalado. Ele, porém, se preparou para responder a questionamentos sobre o processo hoje no debate da TV Bandeirantes ao lado de outros cinco candidatos à sucessão de Emídio. "Do ponto de vista pessoal, estou tranquilo", disse o candidato petista, que tem apoio de 20 partidos.O candidato a vice na chapa de João Paulo, o ex-secretário de Governo Jorge Lapas (PT), disse que o mensalão deve ser colocado na pauta do debate na TV, por causa do voto do relator. Para Lapas, a pergunta será feita por jornalistas que participarão do debate - não pelos adversários. "A gente vai passar por provações, mas a gente passa", disse Lapas. "Na semana que vem, os ministros vão ter de ter a cabeça no lugar para fazer justiça ao João Paulo." O mensalão não foi citado em dois debates anteriores de TVs regionais. João Paulo sempre afirmou que responderia, caso fosse questionado. Entre os adversários, Celso Giglio (PSDB) afirmara após o último debate que não pretendia abordar o tema. Para ele, a imprensa cumpre este papel, ao noticiar o julgamento.

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