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Integrantes do colegiado rebatem críticas de ONGs

Em audiência no Rio, comissão repudia 'tom acusatório' de militantes e reafirma disposição de apurar violações

Por Wilson Tosta e RIO
Atualização:

Integrantes da Comissão da Verdade reagiram ontem de forma incisiva a acusações de ativistas de que têm poderes limitados e não apurarão os crimes da ditadura. Em audiência pública, depois de ouvirem protestos emocionados contra o recurso ao sigilo em parte de seus trabalhos e críticas à sua falta de capacidade legal para punir, membros da comissão repudiaram o que chamaram de "tom acusatório" dos militantes de direitos humanos.As críticas foram feitas, entre outros, por Cecília Coimbra, do Grupo Tortura Nunca Mais, que atacou a lei que criou a comissão e a acusou de "manter a confidencialidade" de torturadores."Acho um pouco cansativo escutar que a Comissão da Verdade está envolvida numa tentativa de produzir o esquecimento e que vamos conciliar com o sigilo", declarou Paulo Sérgio Pinheiro ao rebater as críticas, chamando-as de teoria conspiratória.Segundo ele, a comissão "está dotada de amplos poderes", "não existe nenhuma imposição de sigilo" e "não está submetida às mesmas limitações impostas pela Lei da Anistia ao sistema jurisdicional brasileiro". Irônico, arrancou risos da plateia ao afirmar que a comissão "não é um bando de bocós de mola" e que é "ingenuidade" considerar que o relatório do colegiado não terá consequências."Apesar de termos sido nomeados pelo Estado, não somos o Estado brasileiro. Temos uma autonomia enorme, utilizem isso, em vez de nos colocarem no muro da acusação. Não quero receber essas balas", disse.O ministro do Superior Tribunal de Justiça, Gilson Dipp, também da comissão, considerou normais as críticas, atribuindo-as à carga emocional que cerca os episódios que a comissão apura. Dipp e José Carlos Dias também defendem que alguns procedimentos sejam submetidos a sigilo. "Isso tem características de uma investigação policial, criminal. Se dermos publicidade, estaremos prejudicando a descoberta da verdade", disse Dias.

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