Henrique Pizzolato foi levado para a ‘prisão de ouro’ na Itália

Casa Circondariale di Modena ganhou apelido em razão dos gastos da obra; local está superlotado

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Por Jamil Chade
Atualização:

MODENA - Ironia do destino ou simples coincidência. A primeira noite de Henrique Pizzolato em uma prisão ocorreu em uma penitenciária que foi alvo de um escândalo nacional nos anos 1980 justamente por ter feito parte de um esquema de desvio de dinheiro de políticos locais. A Casa Circondariale di Modena, onde o brasileiro passou ontem sua primeira noite como detido, foi apelidada na Itália no fim dos anos 80 de "prisão de ouro" pelos gastos em suas obras.Moderno e relativamente bem conservado, o centro de detenção fica na periferia de Modena, ao lado dos trilhos de uma ferrovia. O Estado conversou com guardas e agentes de segurança ontem e alguns deles não escondiam a surpresa diante da presença de um "preso ilustre". Hoje, a prisão de Modena tem quase três vezes o número de detentos que deveria abrigar quando foi concebida nos anos 80. Ela seria inaugurada em 1991 e deveria admitir no máximo 220 detentos. Mas hoje o total de pessoas ali detidas chega a quase 600.A política italiana não revelou se o ex-diretor do Banco do Brasil está sozinho na cela para onde foi levado. A informação é que, em média, cada uma das celas é ocupada por quatro detentos. Se o cárcere de Modena ganhou o termo de "prisão de ouro", hoje seus ocupantes não têm nenhuma relação com a imagem que se criou - afinal, 70% dos detentos são imigrantes, principalmente africanos, magrebinos e árabes envolvidos no tráfico de drogas. Cerca de 180 deles são viciados em drogas. O governo italiano já fala em dar indultos a parte dos detentos, justamente para reduzir a superlotação. Para atender os seus 600 presos, a prisão conta diariamente com 150 funcionários, 16 médicos e enfermeiras, salão de jogos e até curso de agronomia biológica para quem estiver interessado - ou mesmo curso de italiano para os estrangeiros.

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