Não é de hoje que Henrique Meirelles acalenta o sonho de ser candidato a presidente. Conseguiu alcançá-lo nesta quinta-feira, de certa forma contrariando os prognósticos iniciais que davam conta de que o MDB o rifaria na bacia das almas das alianças.
Alguns fatores contribuíram para que isso não acontecesse. E o principal foi o fato de que o MDB, com o peso da impopularidade de Michel Temer, deixou de ser um parceiro atrativo para os candidatos mais competitivos à Presidência.
Partidos como PSDB, DEM e PP, que estão ou estiveram no governo, não escondiam a avaliação de que estar aliado ao MDB significaria um peso que nem o tempo de TV nem a capilaridade da sigla nos Estados compensaria. Assim, meio por exclusão, Meirelles virou, enfim, candidato.
O convencimento para que a cúpula o bancasse, no entanto, só foi conseguido mediante outros “pedágios”. O ex-ministro da Fazenda abriu mão de usar o Fundo Partidário e o fundo eleitoral. Vai bancar a própria campanha. E não economizará: tem um dos mais estrelados times de assessores e marqueteiros entre os postulantes à Presidência.
Além disso, teve de aceitar se expor a doses moderadas de Temer. Uma dessas exposições veio na própria convenção - Temer, à diferença de outros aliados tóxicos, como Aécio Neves, não poupou o candidato de sua presença.
Na TV e nas entrevistas, o ex-banqueiro que faz sua segunda entrada na política terá alguns desafios: vender o slogan “chama o Meirelles” mesmo com a economia andando de lado, propalar sua experiência sem se associar demais a Temer e adquirir algum jogo de cintura.
Terá mais tempo de TV que outros que estão à sua frente nas pesquisas, além dos recursos financeiros. Ainda assim não se trata de aposta fácil.