Haddad e Serra anunciam apoios com negativas sobre barganha de cargos

Nos bastidores, porém, campanhas petista e tucana negociam ministério para Chalita (PMDB) e secretaria estadual para D'Urso (PTB)

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Por Redação
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Ao anunciar suas alianças para o 2.º turno da disputa pela a Prefeitura de São Paulo, PMDB e PTB negaram que tenham barganhado cargos para apoiar, respectivamente, Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB). Os dois partidos só admitem negociar espaço no município caso seus candidatos sejam vitoriosos, mas, nos bastidores, as legendas negociam espaços no governo federal e no Estado após a eleição.As equipes de Haddad e Serra querem evitar que as alianças eleitorais tenham a imagem de "troca-troca". Depois do 2.º turno, entretanto, Gabriel Chalita (PMDB) deve ganhar um ministério em Brasília e Luiz Flávio Borges D'Urso (PTB) deve ser nomeado o novo secretário de Justiça do governo estadual.Na reunião que selou o apoio do PMDB a Haddad, o vice-presidente Michel Temer foi categórico ao negar que Chalita, o candidato derrotado do partido, vá ganhar um ministério no governo Dilma Rousseff como moeda de troca pela aliança. "Isso é uma maldade. Eu nunca discuti isso, por enquanto, com a presidente Dilma. Não há essa discussão", afirmou o vice-presidente, depois de um encontro com Chalita e Haddad, em seu escritório político.Para fechar o apoio ao candidato petista, o PMDB negociou um espaço para Chalita na Esplanada dos Ministérios em uma minirreforma que deve ser realizada depois das eleições municipais. Não há definição, no entanto, sobre a pasta que o candidato derrotado deve ocupar.Temer teve um encontro anteontem com Dilma, ministros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente nacional do PT, Rui Falcão.Publicamente, PT e PMDB apresentaram o acordo como uma união de propostas e programas para a cidade. "O acordo foi feito em torno de ideias", explicou o vice-presidente.Haddad se comprometeu a incluir em seu programa de governo propostas da campanha de Chalita, como o projeto das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e o Centro de Monitoramento de Segurança.Chalita admitiu que a opção de apoiar Haddad contra Serra foi "fácil". "Para mim, foi fácil, queria ter anunciado no domingo", disse o deputado federal. Ele tratou com ironia a possibilidade de ganhar um cargo no governo federal. "Estou ganhando ministério há cinco anos", disse.O PMDB admite apenas que vai negociar, depois da eleição, uma participação no governo municipal, caso Haddad vença a disputa. "Isso é natural. Vai depender de muitas conversas que Haddad vai ter com Chalita e com outros companheiros do PMDB", afirmou Temer. PTB. Ao anunciar o apoio a Serra na manhã de ontem, os líderes do PTB também disseram que pretendem participar da Prefeitura em caso de vitória do tucano, e negaram que tenham aceitado cargos em troca da aliança."Não estamos barganhando nada. Não estamos pedindo ministério nenhum. Se vencermos, aí é natural que o PTB tenha espaço", disse Campos Machado, presidente estadual do partido.O PTB, no entanto, deve ser contemplado, após o 2.º turno, em uma reforma do secretariado do governador Geraldo Alckmin (PSDB) - amigo de Campos Machado e fiador do acordo de Serra com a legenda. Alckmin conta com o apoio do PTB à sua reeleição em 2014, e negocia a indicação de D'Urso, que foi vice na chapa derrotada de Celso Russomanno (PRB) no primeiro turno, para a Secretaria da Justiça.Também ontem, o PDT declarou apoio à candidatura de Serra. O partido faz parte da base aliada de Dilma em Brasília, mas atacou a presidente no ato em que formalizou a aliança com o candidato do PSDB.O presidente estadual do PDT, o deputado Paulinho da Força, disse que decidiu apoiar Serra porque o governo federal não adotou medidas que beneficiariam os trabalhadores."Como vamos dar mais poder ao PT na principal capital do País se eles não cumprem o que prometeram lá atrás? Meu apoio ao Serra é por isso", afirmou Paulinho. / BRUNO BOGHOSSIAN, DAIENE CARDOSO e RICARDO CHAPOLA

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