Haddad decide nacionalizar a campanha

Petista aproveita repercussão das manifestações de rua e ataca a agenda de reformas trabalhista e da Previdência do governo Michel Temer

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Por Ricardo Galhardo
Atualização:

A campanha à reeleição de Fernando Haddad (PT) vai explorar a repercussão das manifestações de rua contra o governo Michel Temer em São Paulo e da agenda de reformas trabalhista e da Previdência para tentar reaver eleitores da periferia. Historicamente essa parcela da população votava no partido do atual prefeito, mas hoje se divide entre outros candidatos, principalmente a ex-petista Marta Suplicy (PMDB).

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o ex-senador Eduardo Suplicy foram ao protesto Foto: Felipe Rau|Estadão

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“A questão da Previdência é uma pauta da população da periferia. Os protestos acabam potencializando esse tema e fazem com que o debate com a Marta aflore”, afirmou o presidente municipal do PT de São Paulo, Paulo Fiorilo.

Por enquanto, o discurso anti-Temer se restringe às agendas públicas do candidato na periferia e entrevistas, mas alguns integrantes da coordenação da campanha petista defendem que seja incluído no horário eleitoral da televisão.

Nesta quinta-feira, 8, durante caminhada de Haddad na região do Grajaú, na zona sul, a nova estratégia ficou clara. O vereador Alfredinho (PT), candidato à reeleição, tentou vincular os adversários, principalmente Marta, à pauta de Temer. “Não podemos reforçar o projeto do golpista Temer”, disse o vereador, citando as reformas trabalhistas, da Previdência e o teto dos gastos da União previsto na Proposta de Emenda à Constituição 241. “Tem três candidatos que representam o Temer: Marta, (João) Doria (PSDB) e (Celso) Russomanno (PRB).”

A tática representa uma guinada na campanha petista. Duas semanas atrás o próprio Haddad se recusava a responder a perguntas sobre a política nacional alegando que tinha apenas 40 dias de corrida eleitoral para mostrar suas realizações à frente da Prefeitura. Em entrevista ao Estado, ele chegou a dizer que “golpe é uma palavra um pouco dura” para o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Diante da reação negativa do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad recuou da declaração.

Dilma. Agora, com o crescimento das manifestações contra Temer, alguns petistas já defendem que a própria Dilma seja convidada para eventos de campanha. Anteontem, o prefeito participou do Grito dos Excluídos, promovido por movimentos sociais que lideram os protestos pelo “Fora, Temer”.

Segundo Haddad, não se trata de nacionalizar o debate da eleição municipal, mas de abordar temas nacionais que têm impacto na vida dos eleitores e das prefeituras. “Deixa o debate acontecer”, disse ele, depois da caminhada no Grajaú. “A PEC 241, que limita gastos, tem impacto na saúde financeira dos municípios que vão receber menos repasses da União. Não é questão de nacionalizar. O que está sendo discutido hoje no Congresso Nacional vai ter forte impacto na gestão municipal e isso tem de ser alertado.”

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Críticas. Em rápida entrevista coletiva nesta quinta-feira, o prefeito criticou a reforma da Previdência. “Você não pode tratar igual um trabalhador de baixa renda que entra no mercado aos 16 anos ganhando salário mínimo com funcionário de alto escalão, de alta renda, que começa a trabalhar aos 30 anos de idade ganhando R$12 mil ou R$18 mil. O que o governo Temer está fazendo é botar tudo no mesmo saco”, disse o prefeito. Haddad negou que a ida ao Grito dos Excluídos tenha motivação eleitoral e lembrou que participa há quatro anos do evento.

Segundo o vereador Alfredinho, a ideia é esclarecer o eleitorado sobre os vínculos dos candidatos com o governo Temer e suas propostas. “Temos de falar a verdade para o trabalhador. Com a falta de informação tem gente que não consegue separar quem é quem. A Marta é Temer e não tem dúvida”, disse o vereador.

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