Gurgel não comenta relato de empresário feito em setembro

Ontem, em Pernambuco, procurador-geral reafirmou que instrumento da delação premiada não é mais possível no mensalão

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Por RICARDO BRITO E ANGELA LACERDA
Atualização:

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não quis comentar ontem o novo depoimento prestado pelo empresário Marcos Valério, condenado no julgamento do mensalão como o operador do esquema.À noite, no município de Ipojuca (PE), antes de participar da abertura do 29.º Encontro Nacional de Procuradores da República, Gurgel voltou a afirmar que não considera haver nenhuma possibilidade de Valério se beneficiar da delação premiada - revelar fatos em troca de redução ou extinção de pena - na fase em que se encontra o julgamento do mensalão. "Se a pretensão dele fosse auxiliar esta investigação, ele deveria ter se manifestado há mais de um ano, quando a instrução criminal ainda estava em aberto."O entendimento do procurador-geral, porém, é controverso. A maioria dos juízes que cuidam de causas que envolvem lavagem de dinheiro, por exemplo, afirma que novas revelações podem, sim, ajudar o delator a reduzir sua pena ou até mesmo tirá-lo da cadeia para o cumprimento de regime semiaberto, por exemplo.Condenado pelo STF a 40 anos, Valério é alvo de mais de dez apurações criminais País afora, tendo sido condenado em alguns deles. No dia 22 de setembro, pouco depois de ter prestado o novo depoimento ao Ministério Público, um fax subscrito por Marcelo Leonardo, advogado de Valério, foi enviado ao Supremo com pedido para que o empresário pudesse dar detalhes sobre o que havia dito em troca de ser incluído no programa de proteção à testemunha. O fax de Valério também fazia referência à possibilidade da delação premiada. "No devido tempo isso poderá ser examinado e levado em consideração", disse Gurgel. "Não na ação penal 470", insistiu. "Enquanto este julgamento não se concluir, não examino nada."O procurador-geral garantiu que se Valério estiver mesmo correndo risco de morte "todas as providências necessárias serão adotadas" para garantir a sua segurança.

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