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Governadores em perigo

Por JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Atualização:

E m 2010, a eleição nos Estados apontou para a continuidade. Dos 27 governadores, 20 concorreram a um segundo mandato, e 13 deles foram reconduzidos ao cargo. Outros três elegeram seu candidato. Para 2014, a bússola virou de ponta-cabeça. Dos 15 governadores aptos à reeleição, só três podem confiar que estão no rumo certo para voltar ao palácio depois de passarem pelas urnas.A pesquisa CNI/Ibope divulgada na sexta-feira forneceu o melhor mapa da sucessão estadual até agora. Pela primeira vez em três anos, todos os governadores foram avaliados simultaneamente. A sondagem não perguntou em quem o eleitor pretende votar, mas revelou o que os governados acham de seus governantes - e essa opinião é menos volátil que a intenção de voto.A principal conclusão é que o ranking de 2013 é muito pior para a maioria dos governadores do que foi o de 2010:11 estão devendo, 9 estão numa zona que não pode ser chamada de conforto, e, dos 7 que estão realmente bem avaliados, 4 não são candidatos. A chave da pesquisa é o saldo de avaliação. Na eleição passada, ele mostrou-se o melhor fator para prever o resultado das urnas.O saldo de avaliação é o que sobra, ou não, da popularidade do governador após levar-se em conta as opiniões negativas: é a taxa de ótimo e bom, descontada a de quem acha o governo ruim ou péssimo. Essa classificação é melhor do que a simples pontuação pela taxa de ótimo/bom porque considera também o tamanho e a intensidade da oposição ao governante avaliado. Carma pesa.Em 2010, o saldo médio dos governadores era de 31 pontos positivos - uma festa. Agora, é de 4. Quase um velório.Na eleição passada, nove governadores tinham saldo igual ou superior a 45 pontos. Foi a nota de corte: todos se reelegeram (7) ou elegeram seus candidatos (2). Hoje, só três governadores estão nessa faixa de quase certeza.Omar Aziz (PSD-Amazonas) tem 67 pontos de saldo de avaliação, mas não pode se candidatar, mesmo estando há apenas quatro anos no cargo: era vice de Eduardo Braga, e teve que assumir o governo em 2010. Concorreu e se elegeu para o segundo mandato. Divide-se, agora, entre apoiar seu vice ou seu antecessor.Tião Viana tem o 2º maior saldo, 48 pontos, e deve concorrer à reeleição. Tenta uma façanha: o quinto mandato seguido do PT no governo do Acre. Eduardo Campos (Pernambuco) está em 3º lugar no ranking, com 45 pontos. É o candidato do PSB, mas a presidente.A seguir aparecem quatro governadores com saldos entre 31 e 38 pontos. Dois deles não podem se recandidatar: André Puccinelli (PMDB), no Mato Grosso do Sul, e Antonio Anastasia (PSDB) em Minas Gerais. Os outros dois disputam a reeleição: Beto Richa (PSDB) no Paraná, e Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo.Em 2010, havia sete governadores nessa situação: cinco se reelegeram, um perdeu e o terceiro não influiu. Ou seja, Richa e Casagrande têm boas chances de voltar ao governo, mas, como João Cahulla provou em 2010, imprevistos acontecem. Junto com Viana, são, hoje, os três governadores mais perto de se reelegerem.A terceira faixa tem nove governadores com saldo de aprovação entre zero e 18 pontos. É uma zona arriscada. Na eleição passada, dos sete que estavam nesse patamar, só um se reelegeu. Estão nessa zona de perigo os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT).Abaixo deles no ranking há 11 governadores com saldo negativo - dos quais seis poderiam se candidatar à reeleição, pois estão no primeiro mandato. Mas eles correm alto risco de fracasso: nenhum governador devendo popularidade se reelegeu em 2010. Aos 11, só lhes resta mudar a imagem de seus governos em poucos meses. Para eles o tempo urge mais do que para os outros.

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