
21 de maio de 2012 | 03h05
Uma característica da carreira política do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) é sua dependência de padrinhos. Do pai, o jornalista e crítico de música popular Sérgio Cabral, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o peemedebista teve uma galeria de políticos que, em diferentes momentos de sua vida, alavancaram sua ascensão aos cargos públicos e às vezes ajudaram no seu exercício.
Quando esse apoio falhou, Cabral Filho não demonstrou capacidade de reagir sozinho. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 1996, quando os problemas de popularidade do governador Marcello Alencar (PSDB) contaminaram sua candidatura a prefeito do Rio e, na prática, levaram à sua derrota.
Em 1987, com ajuda do pai, Cabral assumiu seu primeiro cargo público: diretor de Operações da TurisRio, no governo Moreira Franco. Três anos depois, ainda sob influência do pai, elegeu-se deputado estadual, com votação modesta: 12 mil votos.
O primeiro mandato tímido, centrado no Clube da Maior Idade e nos Albergues da Juventude, não foi empecilho para que, quatro anos depois, recebesse 168 mil votos, pelo PSDB de Alencar. A votação forte e o apoio do governador lhe deram a Presidência da Assembleia Legislativa (Alerj), em 1995, posto que ocupou até 2002.
Em 1998, depois da conquista do governo por Anthony Garotinho (então no PDT), Cabral aliou-se ao novo governador. Descartou o tucano, que propunha privatizar a Cedae, a companhia de saneamento fluminense. Sob seu comando, a Alerj derrubou o projeto. Alencar retaliou, acusando-o de adquirir, ilicitamente, uma casa de luxo em Mangaratiba. Cabral disse que obtivera o dinheiro para a compra por prestar serviços de comunicação a uma consultoria.
Em 2002, já no PMDB, foi eleito senador com apoio de Garotinho. Em 2006, Cabral concorreu ao governo estadual. No segundo turno, aliou-se a Lula, que tentava a reeleição. O resultado mais importante do encontro não foi eleitoral (os dois venceram), mas político: com o apadrinhamento de Lula, o Estado do Rio recebeu um vistoso pacote de investimentos e obras federais, que em 2010 ajudaram na reeleição de Cabral com dois terços (66%) dos votos válidos, no primeiro turno. / W.T.
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