20 de janeiro de 2022 | 15h19
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, deu sinais de que pode aceitar a sugestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) e entrar na disputa por uma vaga ao Senado em São Paulo. Os planos da ministra, entretanto, se chocam com os da deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) que, após um afastamento do presidente da República, voltou a acenar para a base bolsonarista com o objetivo de ser indicada ao Senado Federal, pelo PRTB, na chapa que será encabeçada pelo ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, para o governo de São Paulo.
Caso esse cenário seja validado, as duas candidatas passam a ser concorrentes no Estado e, portanto, correm o risco de terem divisão de votos dos apoiadores do presidente, o que dificulta a permanência da direita no Senado e favorece a oposição. Em rede social, Janaína expôs, com ironia, seu pensamento sobre o tema: "Com a habilidade que Bolsonaro tem para re(unir) a direita, em 23, teremos um Senado vermelho, para dar sustentação a Lula", disse.
Essa não é a primeira vez que Janaína mostra preocupação com a divisão de votos da base bolsonarista. A deputada estadual já fez uma proposta para que o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub desistisse de concorrer com o ministro Tarcísio de Freitas pelo governo de São Paulo. Em rede social, Janaína convidou Weintraub para se reunir “todos na mesma sigla”. Em resposta, o ex-ministro classificou a sugestão como parte de uma “postura muito falsa e interesseira”.
Em entrevista ao Estadão, Janaína declarou que procurou Tarcísio após constatar sua viabilidade eleitoral em suas próprias “pesquisas”, ouvindo pessoas de seu convívio. Nessa mesma investigação, a deputada constatou que o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub não tem intenção de votos para o governo de SP: “Em todas as minhas visitas pelo Estado, eu perguntava: se vier candidato Abraham, você vota? Uma pesquisa minha. Ninguém vota no Abraham para o governo, é impressionante”, ela disse.
Nesta quarta-feira, 19, Bolsonaro contou que a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, pode ser candidata ao Senado por São Paulo. “Eu posso adiantar uma possível senadora para São Paulo”, afirmou o presidente ao mencionar Damares. “Não está batido o martelo, não. O convite foi feito, o Tarcísio gostou dessa possibilidade, conversei com a Damares e ela ainda não se decidiu”, disse o presidente em entrevista à rádio Jovem Pan.
Damares reagiu de forma positiva à sugestão do presidente. Em rede social, Damares publicou uma imagem mostrando a "reação" do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), "aliviado" com a indicação, uma vez que não precisararia mais concorrer com ela pelo posto no Amapá. Do outro lado da imagem, José Serra (PSDB-SP) aparece "preocupado" com a notícia de que terá que concorrer com a ministra. Na legenda, ela escreveu "Enquanto oro..."
Em uma outra postagem, referindo-se ao convite do presidente, repetiu a referência ao Amapá. "A minha vida é dirigida por Deus. Mas eu confesso que amo o Amapá. Eu amo meus indiozinhos do Amapá", escreveu. Natural do Paraná, Damares já morou em diversos Estados do Nordeste e também em São Paulo, antes de assumir o cargo em Brasília.
Na semana passada, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro lançou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, candidato ao Governo de São Paulo. Ao lado de Tarcísio, Bolsonaro aproveitou para fazer campanha para o auxiliar, que tem convites tanto para se filiar ao PL - partido do presidente - quanto ao PP. "No nosso governo, tem feito um trabalho que é reconhecido por todos. É um tocador de obras, é um empreendedor e sabe realmente dos problemas do Brasil todo", disse o presidente.
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