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'Gafes' com máscara, soquinhos de mão e climão sem plateia: o debate na pandemia

A gravata foi, sem dúvida, a grande derrotada do evento do Estadão na Faap – ela não esteve no pescoço de nenhum dos candidatos à Prefeitura

Foto do author Gilberto Amendola
Por Gilberto Amendola
Atualização:

Último candidato a chegar no campus da FAAP para participar do debate para prefeito de São Paulo, Celso Russomanno desceu do carro e, imediatamente, foi abordado para uma rápida entrevista. O detalhe é que Russomanno estava sem máscara e precisou ser avisado por um assessor sobre a necessidade de usá-la.

Candidatos à Prefeitura de São Paulo participam de debate na Faap, promovido pelo Estadão. Foto: Werther Santana/ Estadão

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Russomanno vestiu, então, sua máscara transparente – único candidato a usar esse modelo. O item também era um diferencial no rosto de Márcio França e Guilherme Boulos – que tinham máscaras personalizadas com seus respectivos números de campanha. Antes de ingressarem no saguão da universidades, todos os candidatos passaram por uma espécie de túnel sanitizante. 

É fato que os protocolos e normas de distanciamento afetaram o clima do debate. Do lado de fora, apenas apoiadores de Márcio França – que empunhavam bandeiras e cometiam a gafe de ignorar a obrigatoriedade do uso de máscara ou de deixá-las no queixo. Sem a aglomeração dos simpatizantes, Arthur do Val chegou à FAAP sozinho, Boulos de Celtinha e os demais candidatos acompanhados de um staff muito reduzido.

Logo de início, chamou atenção o despojamento dos candidatos. A gravata foi, sem dúvida, a grande derrotada do debate – ela não esteve no pescoço de nenhum deles. Russomanno e Boulos também abriram mão de ternos.

Márcio França (PSB) e Guilherme Boulos (PSOL) se cumprimentam com soquinhos nas mãosantes do debate. Foto: Werther Santana/Estadão

Já no auditório, os candidatos se cumprimentaram com soquinhos de mãos e cotovelos. França, ao perceber que estava posicionado entre Bruno Covas e Jilmar Tatto, afirmou que “estava feliz por estar no centro”. Ainda em clima amistoso, Arthur do Val repetiu ao microfone: “Vote Boulos, 51” (51 é o número do próprio do Val).

Antes do início do debates, Russomanno ajudou um jornalista que caiu da cadeira na plateia. A ação rendeu algumas piadas sobre “a queda” e a performance do candidato nas últimas pesquisas.

A necessidade de manter o distanciamento e o número reduzido de espectadores fez com que as tradicionais intervenções da plateia (risos e vaias) não existissem. Vez ou outra, um toque de celular era o responsável pela quebra no silêncio. Uma comparação válida é com partidas de futebol sem torcida. Mas o silêncio também pode ser eloquente. Durante o embate e troca de farpas e acusações entre Do Val e Russomanno, a falta de reações da plateia deixou o ambiente mais constrangedor e pesado. Ou seja, um climão.

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Arthur do Val (Patriota) e Celso Russomanno (Republicanos) protagonizaram momento mais acalorado do 3º bloco do debate. Foto: Werther Santana/ Estadão

Nos intervalos, poucos assessores se aproximavam dos candidatos, mas chamou atenção a participação ativa do deputado federal Kim Kataguiri como "assessor" de Arthur do Val. Era, claramente, Kataguiri quem mais aconselhou o candidato dos Republicanos.

Apesar de eventuais alfinetadas entre Boulos e Do Val, a posição dos dois no palco (lado a lado) mostrou que, pelo menos aparentemente, existe uma relação amistosa entre os dois. Em diversos momentos, do Val e Boulos trocaram olhares e risadas. Do Val chegou a cochichar para Boulos que “Russomanno era muito ruim”. 

Bruno Covas (PSDB), à esquerda, e Márcio França (PSB), à direita, se cumprimentam antes do debate do Estadão começar. Foto: Werther Santana/Estadão

No último bloco, Covas foi o primeiro candidato a recolocar sua máscara (seguido por Boulos). Diferentemente do que acontecia em debates que ocorriam em tempos não pandêmicos, a saída dos candidatos foi rápida e sem aglomerações.