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Finanças dominam 2º debate entre Marta e Kassab

Por Daniel Galvão
Atualização:

O segundo debate entre o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), e a candidata Marta Suplicy (PT), na Rede Record de Televisão, foi dominado por um tema que, invariavelmente, afeta todos os outros assuntos relativos à gestão municipal: orçamento. Com a crise econômica global batendo às portas do País, Kassab e Marta discutiram também saúde, transporte e impostos, num confronto direto que teve muitas comparações de mandatos e mea-culpa. Um pouco menos agressivo do que o anterior, da Rede Bandeirantes, no debate de ontem à noite os candidatos evitaram expressões como "mentiroso", "mentirosa" e "mentira deslavada". Nem por isso, eles deixaram a rispidez e as ironias de lado. Marta acusou Kassab de ter preferido deixar investidos no mercado financeiro R$ 4,5 bilhões a desonerar a população do pagamento de impostos. "Por que não deu dinheiro para o metrô, por que não construiu mais CEUs (Centros Educacionais Unificados)?", questionou a candidata do PT. "Investimos muito bem os recursos da Prefeitura modernizando a administração municipal", respondeu o prefeito. Segundo Kassab, em sua gestão a administração municipal investe R$ 3,2 bilhões, ou 20% do orçamento - 5 pontos porcentuais a mais do que manda a Constituição. "Esse crescimento do orçamento foi beneficiado pelo governo Lula. Por que você não desonerou o cidadão de São Paulo do pagamento de impostos?", insistiu Marta, que prometeu ainda extinguir o Imposto Sobre Serviços (ISS). Ao responder, Kassab afirmou que prometer acabar com o ISS para todas as categorias é "menosprezar a inteligência do eleitor, pois a cidade precisa de respeito". Taxas Ao atacar a ex-prefeita, lembrando que ela criou a Taxa do Lixo, Kassab duvidou da promessa dela de não aumentar mais as impostos, caso seja eleita. Marta desculpou-se várias vezes por ter criado o tributo destinado aos aterros sanitários e disse que, em todo debate, o democrata a faz "pagar por esse equívoco". O prefeito encerrou: "Sua obsessão com taxas era muito grande, e não é só no debate que você terá de explicar isso, Marta, mas durante toda a sua vida. Isso incomodou muito os paulistanos." Marta pediu a Kassab que mostrasse quais as taxas que ele teria criado. O democrata fez ironias e suspense: "Quanto às taxas de Marta, aguardem que eu vou pegar com a minha assessoria a lista porque é muito grande. Tinha até taxa de coxinha, gente." Em troca, para tentar se livrar da pecha de "criadora de taxas", a ex-prefeita questionou Kassab sobre o pedágio urbano que ele teria a intenção de criar. O prefeito respondeu que não o fará. Marta reafirmou que há um projeto na Câmara Municipal que institui o pedágio urbano dentro da cidade. A petista e o democrata atacaram-se também no tema transportes. Enquanto Marta prometia construir, se eleita, 228 quilômetros de corredores de trânsito exclusivo para os ônibus, Kassab preferia falar do metrô, lembrando que entregou um cheque ao governador José Serra (PSDB) e que continuará investindo na ampliação deste meio de transporte. Logo no início do programa, a propaganda eleitoral da campanha petista que questionou a vida pessoal do prefeito voltou à tona. Marta tentou se explicar, disse que nada sabia, culpou os publicitários e afirmou: "Assim que eu vi, disse para tirar do ar." Kassab criticou a inserção e a classificou de "sórdida". "Sou solteiro e sou feliz", rebateu o prefeito.

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