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Filiado, Franco diz ver semelhança entre Novo e o surgimento do PT

Ex-presidente do Banco Central disse que partido tem bases, assim como o PT no início; 'O PT também era desse tamanho que o Novo é hoje e, depois de quatro eleições, chegou à Presidência', afirmou

Foto do author Eduardo Laguna
Por André Ítalo Rocha e Eduardo Laguna (Broadcast)
Atualização:

O economista Gustavo Franco, que foi presidente do Banco Central (BC) no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e hoje tem colaborado com o Partido Novo, disse nesta quarta-feira, 4, que, do ponto de vista de engajamento da militância, vê semelhanças entre a legenda, que foi fundada em 2011 e disputou sua primeira eleição em 2016, e os primeiros anos do PT, criado no início dos anos 1980.

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++ Dois sentidos novos para a abertura

++ Ponte para o Futuro ficou pela metade, diz Gustavo Franco "Eu tenho viajado o Brasil e vejo que o Novo é um partido que tem bases, do jeito que antigamente se dizia do PT. Quando o PT começou, brotava gente em todos os cantos, com aquela vontade. Eu estou vendo isso no Novo, que está começando. O PT também era desse tamanho que o Novo é hoje e, depois de quatro eleições, chegou à Presidência da República", disse o economista, que participa de evento em São Paulo e tem ajudado na elaboração do programa do pré-candidato do Novo à Presidência, João Amoêdo.

O economista Gustavo Franco Foto: Nilton Fukuda | ESTADÃO CONTEÚDO

Franco deu a declaração após ter dito que tem ouvido de algumas pessoas que o Novo, que se apresenta como liberal na economia, representa um grupo minoritário. Contrário a essa ideia, o economista ressaltou que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os profissionais liberais e aqueles que trabalham por conta própria somam 27 milhões de pessoas, enquanto os trabalhadores que têm carteira assinada são 33 milhões. "E boa parte desses 33 milhões trabalham em pequenas empresas desses 27 milhões", disse. Para o economista, o liberalismo defendido pelo Novo tem ganhado cada vez mais adeptos na sociedade. "Dos 27 milhões que estão no grupo empreendedor, muitos são pequenos empresários, com um, dois ou nenhum empregado. É a classe C de quem corre atrás, é a correria, perseguida pelo governo, que é visto como inimigo. Esse pessoal tem crescentemente uma cabeça antiestatal", afirmou. Há 20 anos, na visão de Franco, o liberalismo tinha menos espaço no Brasil. "Quando eu fui ser sabatinado no Congresso (para assumir o Banco Central), o Fernando Henrique (Cardoso) me disse para não falar nada de livre mercado, porque o Congresso é mais Estado. Eu fui um bom menino e não criei confusão", contou. Para essa próxima eleição, o economista acredita que os liberais vão montar uma bancada no Congresso mais significativa, com pelo menos 15 ou 20 representantes. Segundo ele, será uma bancada que poderá defender milhões de profissionais liberais, trabalhadores por conta própria ou simpatizantes.

O ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, coordenador do programa econômico do pré-candidato João Amoêdo (Partido Novo), classificou como "ridículo" o grau de abertura comercial do Brasil. O economista aproveitou ainda um fórum organizado pela Gazeta do Povo para criticar a proposta de abertura gradual da economia, atribuída ao assessor econômico da pré-candidatura do PSDB, Roberto Giannetti da Fonseca.

"Hoje o Brasil tem grau de abertura ridículo. Em qualquer escala de comparação entre países, somos os últimos. Pena que ele não está aqui, mas se fizer abertura gradual que o Roberto [Giannetti] quer fazer, seguiremos em último", comentou Franco. "Estamos nesse campo no terrenos do vexame e precisamos sair o mais rápido", acrescentou ele. Giannetti participaria do debate com Franco, mas, conforme informaram os organizadores, não compareceu por participar hoje de um evento de pré-campanha do tucano Geraldo Alckmin.Abertura. Para o ex-presidente do BC, o isolacionismo, com políticas de substituição de produtos importados, está entre os vetores que conduziram o País à situação atual. Fez ainda comparações entre o padrão de desenvolvimento do Brasil com o da Coreia do Sul, país que se integrou à economia global. Segundo Franco, até os anos 80, a renda per capta dos brasileiros e sul-coreanos equivalia a 20% da renda per capta norte-americana. Hoje, a renda per capta sul-coreana passa de 60% da renda per capta dos Estados Unidos, enquanto o Brasil continua no patamar de 20%. Durante sua participação no fórum, Franco voltou a defender os cortes nos gastos públicos como o caminho para o País voltar a ter equilíbrio fiscal. Repetiu que o Brasil teve um período econômico positivo quando o governo praticou austeridade fiscal, citando que, a partir de 1998, houve12 anos de superávit primário de 3,5%. "Não tem ideologia em fazer conta e gerar caixa para pagar divida", declarou. Franco disse ainda que o MDB e o presidente Michel Temer não têm tradição e afinidade com a pauta liberal, defendida por seu partido, o Novo. "São liberais de aluguel", atacou o economista, acrescentando que as reformas apresentadas pelo governo Temer tiveram "ambições reduzidas" nas negociações com o Congresso. Também aguardado no evento, o economista Mauro Benevides Filho, assessor de Ciro Gomes (PDT), cancelou participação por conta, segundo os organizadores, de um problema de saúde. 

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