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Filiação de Contarato ao PT pode atrapalhar articulação Lula-Alckmin; leia análise

Caso senador seja candidato ao governo do ES, disputa deve gerar atrito com atual governador, Renato Casagrande (PSB), que pode buscar reeleição; PSB é um dos partidos com os quais Alckmin discute filiação para tentar a vice na chapa de Lula

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

BRASÍLIA - A movimentação política anunciada hoje pelo senador Fabiano Contarato (ES), trocando a Rede pelo PT, pode se transformar em mais um obstáculo na formação de uma chapa presidencial entre Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin. Com sua filiação ao PT, passa a ser maior a possibilidade de Contarato disputar o governo do Espírito Santo. Só que isso atrapalharia os planos políticos do governador Renato Casagrande, que é candidato à reeleição e um dos principais líderes nacionais do PSB.

Como a articulação da chapa Lula-Alckmin envolve a hipótese do ex-governador paulista trocar o PSDB pelo PSB, o lançamento de uma candidatura petista no Espírito Santo poderá criar um mal estar político com a cúpula dos socialistas, já que a reeleição de Casagrande é uma das prioridades do partido para 2022.

Em 2021, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES)se destacou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid por sua atuação técnica, a partir da experiência como delegado no Espírito Santo, e pelo embate direto com o depoente Otavio Fackhoury, de quem foi alvo de um ataque homofóbico nas redes sociais. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

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Oficialmente, Contarato ainda não assinou a ficha do PT, mas sua entrada no partido vem sendo negociada desde o início do ano com o aval e incentivo do próprio Lula. O senador, que se destacou na CPI da Covid, é visto pelos petistas como uma revelação no Congresso e com grande potencial eleitoral. No semestre passado, Contarato chegou a admitir que poderia concorrer ao governo em 2022, desde que isso seja uma decisão tomada de forma colegiada.

Nas conversas sobre a disputa nacional de 2022, os dirigentes do PSB têm sinalizado por um possível acordo em torno da candidatura de Lula. Independentemente da entrada ou não no partido, colocaram na mesa suas prioridades para as eleições regionais, o que incluiu Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Maranhão. Mesmo sabendo que alguns locais podem ser incluídos ou retirados dessa mesa de discussão, a questão do Espírito Santo é vista como irreversível já que Casagrande é um candidato natural à reeleição.

Nesse complicado xadrez eleitoral, o futuro de Alckmin também tem outras variáveis. Existe a possibilidade dele se filiar a uma legenda diferente do PSB para poder fazer a dobradinha com Lula. Nesse caso, o Solidariedade seria uma forte alternativa, como revelou o Estadão. Mas o ex-governador está longe de descartar o projeto de concorrer novamente ao governo de São Paulo. Nesse caso, poderia optar por se filiar ao PSD. Ou seja, uma novela que já tinha complicações de sobra ganha agora, com a filiação de Contarato ao PT, mais um personagem nessa teia de negociações políticas.

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