FHC defende investigação e diz que País cansou de corrupção

Ao receber homenagem na Câmara, ex-presidente defendeu que é preciso não só investigar, mas também punir culpados

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Por João Domingos e BRASÍLIA
Atualização:

Dizendo-se cansado da corrupção, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. "Acho que o País cansou, então talvez seja o momento de o Congresso crescer e fazer uma CPI que vá na raiz das questões, e que não seja somente para acusar sem base", afirmou durante entrevista.Fernando Henrique foi homenageado ontem pela Câmara dos Deputados, que exibiu um trecho do documentário A construção de Fernando Henrique Cardoso, produzido pela TV Câmara. O filme vai ao ar na quinta-feira, às 21h30. No documentário, o ex-presidente conta que se mudou para São Paulo na década de 1940, quando a área do Pacaembu ainda era de terra e as carroças estavam presentes nas ruas. Depois, fala de sua entrada na política, a eleição para senador, a Assembleia Constituinte, o ministério e os dois mandatos de presidente da República.Punição. Quanto à CPI do Cachoeira, que deverá ser instalada no Congresso para apurar as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresas privadas em todas as esferas dos três poderes, Fernando Henrique disse que a sociedade espera que, além das investigações no Parlamento, a Justiça puna os corruptos. "A corrupção continua assim porque você não tem punição", afirmou.Para ele, é preciso que o Congresso assuma sua responsabilidade, fazendo a CPI com "responsabilidade e serenidade". O ex-presidente comentou ainda que é possível fazer política sem a presença do caixa 2."Dá para fazer. Se não dá, tem que criar condições para fazer. É uma questão de ter respeito ao povo." Na opinião do ex-presidente, é preciso passar a limpo todas as questões com serenidade porque as suspeitas atingem quase todos os partidos. "Nos cansamos de ver fraudes, corrupção. Eu não estou criticando A, B ou C, porque infelizmente atingem quase todos, não digo pessoas, partidos."

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