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Facada contra Bolsonaro não trouxe nem tirou votos, diz presidente do Ibope

Carlos Montenegro observou que o crime deu mais tempo a Bolsonaro na TV, mas nem isso se refletiu em aumento de intenção de votos para o candidato nas eleições 2018

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

A facada que tirou o candidato à Presidência do PSL  Jair Bolsonaro do dia a dia da campanha eleitoral, há quase um mês, não trouxe nem tirou votos da sua candidatura, mas reduziu um pouco o ódio do pleito, avaliou o presidente do Ibope, Carlos Montenegro. Ele observou que o crime deu mais tempo a Bolsonaro na TV, mas nem isso se refletiu em aumento de intenção de votos para o candidato nas eleições 2018.

Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência Foto: Fabio Motta/Estadão

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“Eu acho que a facada não mudou o quadro eleitoral, acho que ninguém vai votar nele por causa da facada, a rejeição que tinha a ele continuou, até a manutenção do número (percentual) dele por algum tempo mostra que não tirou votos nem cresceu, só reduziu o ódio”, afirmou a jornalistas após almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).

Montenegro destacou que as próximas pesquisas, de hoje, quarta e sábado devem revelar alguns impactos importantes, como a repercussão das acusações da ex-mulher de Jair Bolsonaro, as declarações do vice Hamilton Mourão, de acabar como 13º salário e o bônus de férias. Para o PT, o grande abalo, na sua avaliação, foi a retirada de 4 milhões de eleitores do Nordeste pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Tirar 4 milhões de eleitores no Nordeste não é uma noticia boa parta o PT. Isso no primeiro turno não tem influência, mas no segundo turno pode ter influência sim”, afirmou.

Para Montenegro, a eleição deste ano enterrou alguns dogmas, como ser importante o tempo da propaganda eleitoral gratuita e as inúmeras coligações para se conseguir mais tempo de TV.  “O que vai eleger o presidente da República este ano será a descrença nos políticos, as redes sociais e os programas das televisões abertas e fechadas”, avaliou.

Nem mesmo os debates estão mais funcionando, segundo Montenegro, que vê uma percepção de maior sinceridade nas entrevistas que estão sendo realizadas pelas tevês do que nos programas produzidos pelos partidos. “A propaganda obrigatória perdeu o valor, a cobertura das TVs , da imprensa, é muito mais importante para o  eleitor, parece mais sincero do que os programa montado pelos políticos”, explicou.

Montenegro disse ainda que a pesquisa que será divulgada hoje pelo Ibope vai mostrar se houve alguma mudança da tendência eleitoral, especialmente se o candidato do PT, Fernando Haddad, cresceu mais nas pesquisas, depois de já ter tirados votos de Ciro Gomes e Marina Silva. “Estou curiosíssimo para saber se esse movimento está avançando ou recuou”, informou.

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Na época da eleição de Dilma Rousseff, em 2010, Montenegro chegou a dizer que seria impossível ela ser eleita, porque o ex-presidente Lula não poderia eleger “um poste”.

Segundo ele, depois dessa frase, resolveu não dar mais palpite. “Lancei uma expressão com isso, do eleger poste, e até por eu ter falado isso, eu não vou falar mais nada”, brincou. Segundo o executivo, a eleição está muito polarizada de depois da experiência de 2014 – quando Aécio Neves do PSDB estava com 10 pontos na frente de Dilma Rousseff e perdeu – ele não prevê mais nada.

“Nessa eleição a experiência não serve de nada, nunca tive eleição com facada, com rejeição contra rejeição, nunca vi”, afirmou.

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