Estreantes na política só lideram em 3 capitais

Após onda de renovação nos governos estaduais e no Legislativo em 2018, novatos estão fora das primeiras colocações em pesquisas; de 13 prefeitos que tentam reeleição, 9 lideram

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Por Samuel Lima
Atualização:

Em 2018, um terço dos governadores eleitos nunca havia pedido um voto. Dois anos após uma eleição marcada pela reprovação da política tradicional e a ascensão de novatos, pesquisas feitas pelo Ibope mostram que campanhas estreantes enfrentam dificuldades no País. Candidatos a prefeito que nunca disputaram o voto popular aparecem nas primeiras colocações de apenas três capitais. Ainda segundo as pesquisas de intenção de votos mais recentes, nove dos 13 prefeitos que buscam a reeleição lideram a disputa

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As três cidades em que os estreantes pontuam melhor ficam no Nordeste. Em Maceió, o ex-procurador de Justiça e ex-secretário estadual de Segurança Pública de Alagoas Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) aparece em empate técnico na primeira colocação. Embora seja um nome novo, é apoiado por políticos tradicionais: o governador Renan Filho (MDB) e o atual prefeito, Rui Palmeira, que deixou o PSDB em fevereiro. Segundo Ibope divulgado na quarta-feira, 11, Mendonça tem 26%, JHC (PSB), 22% e Davi Davino Filho (Progressistas), 19%.

Delegada da Polícia Civil, Danielle Garcia (Cidadania) participa pela primeira vez de uma campanha eleitoral e aparece em segundo lugar na intenção de votos em Aracaju. Com discurso focado no combate à corrupção e apoiada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), ela registrou 19% no último levantamento, divulgado dia 22, ante 34% de Edvaldo Nogueira (PDT), atual prefeito da cidade.

Delegada Danielle (à dir.), do Cidadania, aparece em segundo lugar nas pesquisas Foto: Danielle Garcia / Facebook

Em João Pessoa, o radialista Nilvan Ferreira (MDB) aparece numericamente na segunda colocação do Ibope mais recente, de 22 de outubro, atrás de Cícero Lucena (PP), que já foi prefeito, governador e senador. Ferreira apresenta um programa popular de rádio, defende pautas bolsonaristas e é crítico aos governos locais.

Na maioria das cidades, o Ibope não aponta desempenho forte dos “outsiders”. Em Macapá, por exemplo, Josiel Alcolumbre (DEM) apareceu com 26% das intenções de voto no Ibope de quarta– seguido por Patrícia Ferraz (Podemos), com 18%, e Dr. Furlan (Cidadania), com 17%. Embora dispute a prefeitura pela primeira vez, Josiel foi 1º suplente do irmão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), nas eleições de 2014. Nomes que já apareceram na urna alguma vez estão em evidência em outras 22 capitais.

Discurso

O discurso antipolítica de 2018 ajudou a eleger oito governadores novatos, como Wilson Witzel (PSC), no Rio, e Carlos Moisés (PSL), em Santa Catarina. No decorrer do mandato, ambos perderam apoio dos deputados estaduais nas respectivas Assembleias, foram acusados de irregularidades durante a gestão do novo coronavírus e foram afastados.

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Há dois anos, os eleitores renovaram também 47,3% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 85,2% no Senado. Algumas legendas tentaram lançar, neste ano, candidatos que foram bem-sucedidos na estreia de 2018, como a deputada federal Joice Hasselmann (PSL), que aparece numericamente na sétima colocação na pesquisa Ibope para a Prefeitura de São Paulo divulgada segunda-feira.

Em 2016, foram escolhidos “outsiders” para comandar São Paulo, João Doria (PSDB); Belo Horizonte, Alexandre Kalil (hoje no PSD); e Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB). Doria virou governador do Estado, enquanto os outros dois lideram pesquisas em suas cidades.