Estilo Kassab: ora aliado, ora adversário

Ex-prefeito paulistano garantiu apoio do PSD à reeleição de Dilma, mas deserções nos Estados comprometem estratégia nacional da aliança

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau , João Domingos e BRASÍLIA
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Menos de seis meses depois de ter garantido à presidente Dilma Rousseff (PT) em um encontro solene com presença da cúpula petista, que o seu PSD estaria unido em torno de sua candidatura à reeleição, o ex-prefeito Gilberto Kassab começa a enfrentar os primeiros movimentos "rebeldes" da sigla. A primeira manifestação pública de que a promessa não será seguida à risca aconteceu na noite de sexta-feira, quando o diretório do PSD do Rio de Janeiro anunciou formalmente que apoiará a candidatura de Aécio Neves (PSDB) ao Palácio do Planalto. A dissidência foi articulada pelo presidente do partido no Rio, Índio da Costa. Aécio disse, no encontro, que o Rio tem "importância estratégica enorme" e que um bom resultado ali é "um passo largo para o segundo turno".Definido em sua criação, pelo próprio Kassab, como um partido "nem de centro, nem de esquerda, nem de direita", o PSD tem outras infidelidades à vista - em Goiás, Estado governado por Marconi Perillo, do PSDB, e em Minas, reduto de Aécio. No Paraná, o partido havia decidido seguir a orientação de Kassab, mas um grupo de "rebeldes" tenta reverter o quadro. No Acre os tucanos também contarão com o apoio da legenda fundada pelo ex-prefeito da capital paulista. Em Pernambuco e Roraima os diretórios locais do PSD optaram por apoiar o PSB e o ex-governador Eduardo Campos. Com esse cenário em mente, Aécio ressaltou, no Rio, que "a presidente (Dilma) talvez leve o tempo de TV de vários partidos, mas não levará o apoio das bases".Nem mesmo em São Paulo a legenda capitaneada por Kassab participará da aliança petista - no caso, liderada pelo ex-ministro Alexandre Padilha (Saúde), que vai disputar o governo pelo PT. A princípio, ele se lançou também candidato ao governo, mas se aproximou do presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), e é cotado como possível vice na chapa do peemedebista. O candidato a senador, nesse projeto, seria Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar do compromisso firmado com Dilma, Kassab, no plano federal, também tem mantido conversas com o tucano Aécio Neves e com o ex-governador Eduardo Campos, ambos pré-candidatos à Presidência. Campos se reuniu diversas vezes com Kassab no apartamento dele em São Paulo. Na noite de domingo, será a vez de Aécio ser recebido em um jantar na casa do presidente do PSD. Entre os convidados estará Guilherme Afif, ministro da Micro e Pequena Empresa de Dilma. Amanhã cedo, o tucano será a estrela de um evento da Associação Comercial de São Paulo, entidade da qual Gilberto Kassab é vice-presidente. "O partido terá núcleos trabalhando pela reeleição da presidente Dilma Rousseff mesmo nos Estados que estiverem apoiando o Aécio ou Eduardo Campos", diz o presidente do PSD. Ele reconhece, porém, que em muitos Estados a realidade local do PSD, que tem muitos ex-militantes do DEM e antipetistas, impede que seja consolidado o apoio à campanha de Dilma.

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