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Entidades destacam 'valores éticos e morais' de escolhidos

Instituições que atuam na defesa dos direitos humanos avaliam como positivas e ponderadas as indicações para comissão

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Por Roldão Arruda
Atualização:

A escolha dos nomes para a Comissão da Verdade pela presidente Dilma Rousseff foi elogiada por entidades que atuam na defesa dos direitos humanos. Na avaliação do secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Leonardo Steiner, a presidente nomeou "um grupo de grande valor ético, moral e de conhecedores da nossa história".O Instituto Vladimir Herzog cumprimentou a presidente pela escolha dos nomes e, sobretudo, seu esforço para "situar a comissão como órgão de Estado, não de governo, colocando-a dessa forma acima de indivíduos, partidos, governantes e grupos".Na nota que divulgou sobre o assunto, o instituto disse que essa decisão da presidente Dilma foi reforçada pelo convite aos quatro ex-presidentes vivos dos anos pós-ditadura para que participem da instalação formal da comissão, na quarta-feira.Para o vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Marcelo Zelic, "as indicações foram ponderadas e garantem uma isenção para a análise de temas tão controversos". Ele observou que, embora a presidente tenha optado por nomes que nem sequer foram aventados durante os processos de consultas, o resultado final foi positivo. "Maria Rita Kehl, por exemplo, foi uma grata surpresa", afirmou. "No geral, formam um bom time para tocar os trabalhos."Ausência de envolvidos. A Comissão Justiça e Paz de São Paulo, entidade fundada por d. Paulo Evaristo Arns em 1972, enviou carta à presidente cumprimentando-a pelas escolhas. O presidente da organização, o advogado Antonio Funari Filho, elogiou particularmente o fato de não terem sido incluídas na comissão "pessoas que, por ação ou omissão, direta ou indiretamente, através de suas instituições, tivessem tido responsabilidade pelos atos criminosos a serem trazidos à luz".Entre os nomes escolhidos por Dilma figuram dois ex-integrantes da Comissão Justiça e Paz, que é vinculada à Arquidiocese de São Paulo: o advogado José Carlos Dias e o diplomata Paulo Sérgio Pinheiro. Os dois fizeram parte do governo de Fernando Henrique Cardoso.O procurador Marlon Weichert, que atua no grupo do Ministério Público Federal (MPF) que vem tentando reabrir processos contra agentes de Estado envolvidos em casos de sequestro e ocultação de cadáver de prisioneiros políticos, também elogiou a escolha da presidente. Na avaliação dele, "são pessoas que preenchem aos requisitos da comissão, pessoas de idoneidade reconhecida, pessoas que têm uma história de respeito aos direitos humanos".Weichert foi o nome mais defendido pelos representantes dos familiares de mortos e desaparecidos para integrar a comissão. Ele disse ontem que o trabalho do MPF continuará sendo desenvolvido, paralelamente à atuação da comissão: "O Ministério Público tem suas responsabilidades, que independem da comissão. São órgãos autônomos. O que pode haver é uma colaboração". / COLABOROU LUCAS DE ABREU MAIA

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