Entidades condenam vandalismo em editora

Pichações diante da Abril provocam reações de repúdio da mídia e dos presidenciáveis

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Por Gabriel Manzano
Atualização:

O protesto de cerca de 200 pessoas - o cálculo é do 14.º DP, de Pinheiros - feito na sexta-feira à noite diante do prédio da Editora Abril, em São Paulo, mereceu ontem repúdio geral de entidades da mídia e dos dois presidenciáveis. “Foi uma manifestação de intolerância, uma lamentável tentativa de intimidação, próprias de quem não sabe conviver na democracia e num País com liberdade de imprensa”, afirmou em nota a Associação Nacional dos Jornais (ANJ).

Muros foram pichados e lixo jogado em frente à editora Foto: Alex Silva/Estadão

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Veja antecipou em um dia sua publicação e foi às bancas na sexta-feira afirmando em reportagem de capa que tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “sabiam tudo” sobre a corrupção na Petrobrás. Indignados, os manifestantes, integrantes da União da Juventude Socialista (UJS), picharam os muros com frases como “Fora Veja” e espalharam sujeira diante da editora. 

Em sua nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) “repudia veementemente” os ataques e considera “grave qualquer ato de intimidação à liberdade de imprensa”. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) criticou a Justiça Eleitoral por impedir que a Abril fizesse publicidade da revista e destacou que “as agressões cometidas (...) são igualmente condenáveis”. A nota acrescenta: “A História tem mostrado como manifestações de intolerância dessa natureza costumam terminar”. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) ressalta que um veículo de imprensa “tem o direito de publicar qualquer coisa” e quem não concorda “tem o direito de protestar”, mas “respeitados os limites legais”.

‘Atentado’. Em São João del-Rei, onde visitou familiares ontem cedo, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, também condenou os atos de vandalismo. “Nós assistimos ontem a um atentado contra a democracia e a liberdade de expressão. Essa é uma marca extremamente preocupante dos nossos adversários”, afirmou. Ele viu no recurso para impedir a circulação da revista “uma demonstração clara do descompromisso do PT com a democracia, (...) um atentado que deve receber repúdio da população”.

A presidente Dilma Rousseff (PT), que fazia campanha em Porto Alegre, definiu o gesto dos manifestantes como “barbárie” e lembrou que “não é assim que se faz um País civilizado”. Mas considerou a reportagem “um processo golpístico” e reiterou que vai processar a revista. 

‘Insanidade’. Em caminhada do PT ontem cedo em São Bernardo do Campo, Lula classificou a reportagem como “uma demonstração de insanidade da imprensa marrom deste País”, uma atitude “de má-fé, leviana, mesquinha”. E afirmou que ele e o PT também devem processar a revista. / COLABORARAM ANTONIO PITA, PEDRO VENCESLAU, ELIZABETH LOPES, RICARDO GALHARDO e CARLA ARAÚJO

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