Encontro lembra poema de Carlos Drummond

Por Julia Duailibi
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Com o cenário eleitoral ainda incerto para o próximo dia 5 de outubro, o debate de ontem entre os presidenciáveis, na TV Record, lembrou o poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade: Dilma Rousseff batia em Marina Silva, que rebatia em Dilma, que batia em Aécio Neves, que batia em Dilma e Marina. Por meio da pancadaria, os três principais candidatos testaram suas estratégias na reta final da disputa, já de olho no confronto final desta quinta-feira, na TV Globo. Dilma tentou desidratar a adversária do PSB com o objetivo principal de enfraquecê-la a ponto de liquidar a fatura da eleição já no primeiro turno - cenário que o PT trata com cautela nos bastidores, mas com entusiasmo. Dilma até tirou da cartola uma pegadinha, ao questioná-la sobre sua posição contra a CPMF no passado - agora, ela defende a contribuição para financiar a saúde. No intervalo do debate, o presidente do PT, Rui Falcão, dizia que aquele tinha sido o ponto alto do encontro e que Dilma “pegou Marina na mentira”. Na tarefa de desconstruir Marina, Dilma contou mais uma vez com Aécio. A presidente, porém, também disparou contra o tucano. Embora Aécio seja o adversário preferencial do PT no 2.º turno, o objetivo era não deixar espaço para os ataques dos adversários. Apesar da pancadaria de vários lados, inclusive entre os candidatos da esquerda, Dilma foi o principal alvo do encontro. A presidente foi instruída a manter o equilíbrio, mas não fugir do embate. Antes do debate, integrantes da equipe até recomendaram a ela que tomasse uma taça de champanhe, de modo que ficasse menos tensa. Ela não quis. De olho em mudanças do eleitorado em cima da hora, Aécio não deixou de criticar o governo em busca do voto antipetista. Fez questão de reforçar a estratégia do PSDB de colar Marina em seu passado petista. A candidata do PSB, por sua vez, parecia acuada e, enquanto pôde, buscou a polarização com Dilma. Com os tucanos apostando em viradas na reta final, os marineiros tentando segurar a vaga no 2.º turno, e os petistas torcendo pelo fim da eleição no próximo domingo, o Pastor Everaldo tentou sintetizar o cenário: “Eleição e mineração só depois da apuração”.

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