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Empresas assumem culpa por propina e recebem altas multas

As duas gigantes limpam a imagem na Europa e EUA e vão buscar novas encomendas em países emergentes

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Por Redação
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Genebra - Tanto a Alstom como a Siemens adotaram a estratégia de assumir parte da culpa pela corrupção em vários países, mas sempre indicando que as práticas haviam sido abandonadas e não são mais toleradas pelas duas. Nos Estados Unidos, a Siemens foi obrigada a pagar há três anos mais de US$ 800 milhões em multas por condenação relacionada a práticas irregulares. Na Alemanha, foram outros US$ 533,6 milhões em multas. Seus executivos declararam que "um capítulo doloroso da história" da empresa estava sendo encerrado. "Lamentamos o que ocorreu no passado. Aprendemos uma lição e tomamos as medidas apropriadas. Hoje, a Siemens é uma empresa mais forte", afirmou Peter Löscher, o então CEO da companhia. A Siemens mudou de comando, passou a contribuir para órgãos de combate à corrupção e adotou novo discurso. Mas não foi por acaso que elas se apressaram a tentar limpar suas imagens. A constatação é de que, nos próximos anos, serão justamente as obras nos países emergentes - não na Europa - que garantirão os lucros das grandes multinacionais do setor da construção e de infraestrutura. Os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) se transformaram no maior canteiro de obras do mundo e abrem caminho para que as multinacionais do setor compensem parte das perdas na Europa, Japão e EUA.A francesa Alstom já indicou que a crise só não é maior graças aos mercados emergentes. Em 2010 e 2011, essas economias garantiram 60% de todas as novas encomendas por ela fechadas. Em 2008, eram só 35%.Antes de deixar a Siemens, Löscher admitiu que a explosão das novas megacidades pelo mundo prometia garantir a continuidade dos lucros pelo resto da década: em apenas 10 anos, as cidades dos países emergentes ganharão 470 milhões de novos habitantes e todos vão querer ter água encanada e eletricidade. Um estudo da Associação de Prefeitos dos EUA revela, por exemplo, que o país já investe menos em infraestrutura que as nações emergentes.

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