Em SP, ato contra PEC 37 critica Dilma

Protesto atraiu 35 mil pessoas e ganhou corpo no Facebook, chamado por organizações com forte militância online contra corrupção

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Por Redação
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Uma manifestação contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que retira os poderes de investigação do Ministério Público, interditou ontem a Avenida Paulista e acabou se tornando um protesto contra o governo federal. Cerca de 35 mil pessoas participaram da manifestação, conforme a Polícia Militar. O clima foi pacífico e os organizadores convocaram mais um ato para quarta-feira, no vão livre do Masp.O ato foi convocado também por integrantes dos Ministérios Públicos Federal e do Estado, mas ganhou corpo no Facebook, chamado por organizações que têm forte militância na internet contra a corrupção, como o Dia do Basta, Unidos por um País Melhor (UPPM), Organização de Combate a Corrupção (OCC) e Pátria Minha. O Movimento Passe Livre não participou do evento.O perfil dos manifestantes era diferente dos perfis de todas as outras manifestações na capital paulista. Ontem, foram às ruas sobretudo integrantes da classe média tradicional, representada em sua maioria por jovens brancos, de 20 a 30 anos. A marcha saiu do vão livre do Masp e percorreu durante três horas as ruas do centro que levam até o Vale do Anhangabaú, parando em diversos pontos e cantando o Hino Nacional. Muitos levavam Bandeiras do Brasil ou roupas verdes e amarelas. Os manifestantes foram saudados por moradores de prédios do centro, que piscavam as luzes de seus apartamentos. O protesto chegou a bloquear a Avenida 23 de Maio.O grito mais ouvido era o de "vem, vem pra rua vem, contra o governo". Os manifestantes também gritaram contra a presidente Dilma Rousseff: "Quem não pula quer a Dilma", entoaram, pulando - e xingaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ("Lula, ladrão, você é o chefão"). A crítica à corrupção também foi tema marcante do protesto. Entre outros, a multidão gritava "isso é só o começo, eu quero ver, é deputado preso" e "pentacampeão, no futebol, e na corrupção". Mais uma vez apareceu o protesto contra os partidos políticos, que desta vez não se fizeram presentes.Nos cartazes e faixas, os protestos eram os mais diferentes possíveis, dos pedidos de "hospitais padrão Fifa", passando pelo aumento das penas de crimes contra animais até a saída de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado e de Marco Feliciano (PSC-SP) da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.Brasília. A PEC 37, Feliciano e Calheiros também foram tema de um protesto ontem em Brasília, com cerca de 2 mil manifestantes, na frente do Congresso Nacional. Algumas pessoas tentaram fechar as vias da Esplanada dos ministérios que dão acesso à rodoviária do plano piloto e foi reprimida pela PM. Segundo o grupo, que integra a chamada Marcha do Vinagre (em referência ao produto que minimiza os efeitos do gás lacrimogêneo), as próximas passeatas serão "temáticas", focando em saúde, educação, fim do foro privilegiado para políticos e repúdio à PEC 37.Esse não foi o único protesto de Brasília ontem. Cerca de 1,5 mil pessoas participaram da Marcha das Vadias. Grande parte dos cartazes criticava o deputado Feliciano, além de defender a legalização do aborto. Entre as manifestantes, várias contavam que foram marchar pela primeira vez. É o caso da Karola Marques, de 19 anos, que estava vestida com sutiã e minissaia. "Ninguém pode me julgar pela roupa que eu uso. Tem de me conhecer para saber quem sou eu." Uma das organizadoras do evento, Julia Zamboni, avalia que a população brasileira "está com muita vontade de ir para as ruas".Polícia. Cerca de 700 PMs foram mobilizados para evitar a repetição de cenas da quinta-feira passada, quando uma tentativa de invasão do Palácio do Itamaraty terminou com vidraças quebradas e paredes pichadas.A Polícia Civil identificou na sexta-feira um dos suspeitos pelo vandalismo no Itamaraty. Cláudio Roberto Borges de Souza, de 32 anos, já cumpre pena de prisão domiciliar por furto. Ele já respondeu processo por lesão corporal, injúria e agora será indiciado por dano ao patrimônio público, cuja pena varia de 1 a 3 anos de prisão. O suspeito prestou depoimento e foi liberado em seguida porque não houve flagrante. O inquérito será conduzido pela Polícia Federal por se tratar de invasão e depredação de órgão da União. / FERNANDO GALLO, DAIENE CARDOSO, ALANA RIZZO e LAÍS ALEGRETTI

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