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Em Roraima, Ciro se irrita e xinga repórter durante entrevista

Candidato do PDT à Presidência da República disse que homem que se identificava como jornalista era da equipe do senador Romero Jucá (MDB-RR)

Por Gabriel Wainer
Atualização:

BOA VISTA - O candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, se irritou em ato de campanha no sábado, 15, em Boa Vista (RR), quando questionado por um homem sobre suas manifestações a respeito do conflito na Venezuela e dos brasileiros que agrediram alguns desses estrangeiros.

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"Ciro, o senhor reafirma o que disse sobre os brasileiros que tiveram aquela manifestação da fronteira, que chamou os brasileiros de canalhas, desumanos e grosseiros?", questionou um homem que se identificava como jornalista no local. O candidato, então, respondeu: "Vá para a casa do Romero Jucá, seu filho da p...". Instantes depois, Ciro diz para sua equipe para tirá-lo dali. "Esse aqui é do Romero Jucá. Tira ele, prende esse aí", afirma o candidato. Ele também deu um leve empurrão no homem.  

Na ocasião citada na pergunta, Ciro comentou que a Colômbia recebeu mais de 500 mil venezuelanos e não teve casos de violência. "Não há nenhuma notícia de desumanidade, de grosseria, de canalhice, que é o que aconteceu no Brasil", afirmou Ciro, à época.  

Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência Foto: Dida Sampaio/Estadão

Nas suas redes sociais, Luiz Petri se identifica como jornalista e escreve que estava apenas cobrindo o evento. "Fiquei sem reação porquê (sic) não sou de violência. Apenas fiz uma pergunta", afirmou. Até o início da tarde do domingo, o vídeo tinha sido reproduzido 294 mil vezes. 

A reportagem do Estado testemunhou o jornalista Luiz Petri afirmando, ainda antes de Ciro Gomes chegar ao local marcado para o evento em Boa Vista, que “Ciro é corajoso de vir à Roraima” e que queria “levar um tapa ou ovada” do candidato. O Estado presenciou, ainda, conversa de Petri com seu cinegrafista na qual o jornalista solicitou que a gravação não fosse interrompida “em caso de agressão”. Ao Estado, Petri disse que “temia ser agredido, e não que queria”.

O jornalista é proprietário da produtora Saldo Positivo Comunicação e Marketing, que, de acordo com o que consta no site do TSE, recebeu R$ 70.000,00 pela prestação de serviços como produção de comerciais, jingles e material gráfico para o candidato do DEM a uma vaga no Senado por Roraima, Chico Rodrigues. Ciro Gomes apoia, para o Senado em Roraima, a candidatura de Angela Portela, do PDT. 

Questionado sobre isso, Petri informou que como produtora, prestou serviços à campanha de Chico Rodrigues, mas que não tem ingerência nenhuma sobre o conteúdo produzido. “A equipe vem, traz o roteiro e nós gravamos”, afirma. Por fim, Petri disse ao jornal que estava no evento de campanha como jornalista, e não como produtora.

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A reportagem identificou, também, recebimento de R$ 124.410,00 do MDB Roraima, que tem em Romero Jucá um dos principais nomes da sigla no Estado. Questionado, Petri respondeu que fez os vídeos de candidatos a deputados estaduais da coligação da qual o MDB faz parte em Roraima. Integram o grupo partidário, ainda, PSDB, DEM, PSD, PPS, Solidariedade e DC. 

"Nós fizemos os vídeos dos candidadtos a deputado estadual da coligação dos partidos. Vídeos curtos que tem candidato falando o nome e o número. Em momento algum fiz nenhuma propaganda e nenhum vídeo para o senador Romero Jucá. Ele tem uma produtora que faz o material dele", afirmou. 

Ciro chama Jucá de "gângster"

Ainda no palanque em Boa Vista, Ciro chamou o senador Romero Jucá de "gângster". "Eu venho para mediar esses conflitos e ver se ajudo a arrancar daqui um das piores figuras da política brasileira que é esse canalha que lidera todos os governos e que agora, como bandido que é, fala mal de Michel Temer para aparecer enganando o povo de Roraima", disse.

As imagens foram feitas por integrantes do núcleo de repórteres 'carrapatos', que acompanham diariamente em vídeo a rotina e a agenda dos principais candidatos à Presidência da República. 

A assessoria de imprensa do candidato informou que repudia a ação de grupos coordenados para hostilizar os candidatos em eventos. "No caso de Boa Vista, um indivíduo a mando de uma campanha adversária se passou por repórter para tentar provocar o Ciro. Diversos outros atos de hostilidade foram feitos contra Ciro e isso é absolutamente reprovável numa campanha eleitoral democrática", diz a assessoria. 

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