Em Petrolina, estudantes têm dentista na escola

Projeto atende alunos da rede municipal de ensino na própria sala de aula e ajuda a reduzir demanda nas Unidades Básicas de Saúde

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Por Samuel Lima
3 min de leitura

O Ministério da Saúde recomenda aos gestores dos municípios que incentivem os profissionais de odontologia a promover ações preventivas em locais como escolas, creches e asilos. Geralmente, esse tipo de atividade envolve palestras, higiene supervisionada e aplicação de flúor. Mas em Petrolina (PE), o quadro foi além: passou a oferecer tratamento de cáries para crianças de 3 a 7 anos dentro das próprias escolas, com o Projeto Sorrisinho.

A dentista Tamires Coelho atende estudantes da rede municipal de ensino de Petrolina (PE) Foto: Alexandre Justino / Prefeitura de Petrolina

A história começou em 2017, por iniciativa de uma dentista da Secretaria de Saúde, Tamires Coelho, de 33 anos. De jaleco colorido e acompanhada de um cachorro de pelúcia, chamado Dudu, Tamires atendeu as primeiras crianças na EM Professora Maria Odete Sampaio Gomes.

O tratamento de cáries é possível fora da unidade de saúde por meio de uma técnica pouco invasiva – o Tratamento Restaurador Atraumático (ART) – que substitui o “motorzinho” e outros equipamentos por instrumentos manuais. O consultório é montado na sala de aula ou no laboratório de informática.

“Mesmo sendo pequenininhos, muitos reclamam que sentem dor de dente”, afirmou a diretora do Centro Municipal de Educação Infantil João Paulo I, Rosalina Santana, 47 anos. Tamires esteve na escola entre março e julho de 2019, e cerca de metade dos 400 alunos foram atendidos. A intenção era completar o trabalho no primeiro semestre deste ano, mas as aulas foram interrompidas pela pandemia do novo coronavírus.

“Tem muito pai que trabalha e não tem condição de levar o filho ao dentista”, disse Roseane Araújo, 35 anos. A dona de casa é mãe da Sara, de 6 anos, uma das crianças atendidas no ano passado na CMEI João Paulo I. “Uma criança com dente saudável vai ser um adulto que não vai sofrer.”

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Alcance

Desde 2017, o Projeto Sorrisinho já atendeu 2 mil crianças em 14 unidades da rede municipal de ensino, segundo a coordenadora de Saúde Bucal da Secretaria de Saúde de Petrolina, Roberta Araújo. O número se refere às crianças de 3 a 7 anos que receberam restaurações e não inclui outros estudantes, de até 12 anos, envolvidos na parte educativa do projeto.

Com os resultados obtidos, Tamires passou a trabalhar exclusivamente nas escolas. Agora, 51 profissionais de atenção básica estão treinados e devem atuar, cada um, em uma escola após a retomada das aulas presenciais. A cidade tem 37 mil alunos matriculados em creches, pré-escolas e anos iniciais. 

“Se vamos para uma sala de aula e atendemos 20 ou 30 crianças, já diminui a demanda por restaurações na Unidade Básica de Saúde”, afirmou Roberta. Enquanto as aulas não voltam, o Sorrisinho tem feito atendimentos em Centros de Referência de Assistência Social.

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