Em jantar, Lula teria pedido mais união entre PMDB e PT

Por Cida Fontes
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a traçar com o PMDB a estratégia para a eleições de 2010 durante jantar ontem no Palácio da Alvorada com a cúpula do partido. Ele pediu um "ajustamento de conduta" entre PMDB e PT na campanha do segundo turno das eleições municipais, ao considerar que um clima de animosidade entre os dois partidos só dificultará a parceria para o processo eleitoral daqui a dois anos, segundo um dos parlamentares que participou do jantar. Além dos peemedebistas, o presidente convidou também para o jantar a ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, e o ministro da Justiça, Tarso Genro, mas excluiu os seis ministros do PMDB. Em Porto Alegre, por exemplo, Dilma e Tarso apóiam para a prefeitura a candidata do PT, Maria do Rosário, contra o prefeito José Fogaça, que disputa a reeleição pelo PMDB. Aos dirigentes do PMDB, Lula confirmou, segundo o parlamentar, ainda que apóia a candidatura de Eduardo Paes (PMDB) para a prefeitura do Rio de Janeiro e considerou "superado" o problema que tiveram na CPI dos Correios, quando o peemedebista, então filiado ao PSDB, bateu duro no presidente e em seu filho Fábio Luiz, mais conhecido como Lulinha. Em Belo Horizonte, Lula acredita que o candidato do PMDB, Leonardo Quintão, vai "dar um banho" no segundo turno, o que significaria a derrota de Marcio Lacerda (PSB), candidato do governador Aécio Neves (PSDB) e do prefeito Fernando Pimentel, do PT. Além de pedir aos aliados que não criem um clima de hostilidade na eleição, o presidente, segundo informou um parlamentar que participou do jantar, acertou também com o PMDB a estratégia para a sucessão dos comandos da Câmara e Senado. Lula prometeu ajudar o deputado Michel Temer (PMDB-SP) a se eleger presidente da Câmara em 2009, conforme relato da fonte. Por outro lado, a bancada do PMDB, maior bancada do Senado, vai abrir mão do direito de indicar o presidente da Casa para apoiar o PT. O candidato mais forte é o senador Tião Viana (PT-AC). Mas, para evitar que eventuais resistências na base aliada prejudiquem a candidatura de Temer, a questão do Senado será decidida em uma segunda etapa, com o objetivo de obter consenso entre a base aliada e a oposição. Rumo a 2010 Outra peça do jogo é o entendimento entre os peemedebistas em torno do substituto de Michel Temer na presidência do PMDB, caso seja eleito para o comando da Câmara. A idéia é que o cargo fique com um senador do PMDB que conduziria as negociações políticas rumo a 2010. "Quanto mais redonda a negociação em torno da sucessão das Mesas da Câmara e do Senado mais fácil será construir uma composição entre PMDB e PT em 2010", afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), certo de que toda a operação política no Congresso passa pelo PMDB, que saiu fortalecido da eleição municipal. "O PT e o governo já entenderam isso e a eleição dos prefeitos serviu para aproximar o PMDB e o PT no mesmo objetivo rumo a 2010", continuou o senador. Ou seja, o PMDB terá musculatura política suficiente para indicar o vice-presidente em uma eventual chapa do PT para a sucessão de Lula.

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