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Em debate esvaziado, vice de Ciro Gomes ataca candidatura de Haddad

Kátia Abreu afirma que 'PT está brincando à beira do abismo' e Haddad 'não soube governar São Paulo. Ele nem terminou o ensino médio e já quer ir para o ensino superior. Precisa repetir de ano para depois tentar a presidência'

Por André Ítalo Rocha
Atualização:

Em um debate esvaziado por conta da presença de apenas três candidatas a vice-presidente nas eleições 2018 na corrida presidencial, Kátia Abreu (PDT), da chapa de Ciro Gomes (PDT), atacou durante o presidenciável do PT, Fernando Haddad, nesta terça-feira, 2. Ela lembrou que o petista, quando prefeito de São Paulo, não conseguiu a reeleição e acrescentou que, por isso, Haddad não estaria preparado para assumir o Palácio do Planalto.

Candidata à vice na chapa do PDT, a ex-ministra Kátia Abreu criticou o PT por 'ingratidão' e o candidato petista, Fernando Haddad, por se esconder no impeachment de Dilma. Foto: Ed Ferreira/Estadão

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Ainda no encontro, Ana Amélia, vice de Geraldo Alckmin (PSDB) afirma que o tucano é a  terceira via, pelo seu poder moderador, pela convergência ao centro", e Manuela D'Avila, vice de Fernando Haddad (PT), disse que o candidato "é o homem certo para governar o País, com desenvolvimento com combate à desigualdade. Representamos a retomada do investimento público. Haddad tem tranquilidade e capacidade para lidar com a divergência." "Acho que o PT está brincando à beira do abismo. Haddad não tem a menor condição. Ele não soube governar São Paulo, foi reprovado como prefeito da maior capital da América Latina. Ele nem terminou o ensino médio e já quer ir para o ensino superior. Precisa repetir de ano para depois tentar a Presidência", disse Kátia Abreu, em debate organizado pelo UOL, Folha de S.Paulo e SBT. Para a vice de Ciro, Haddad nunca se refere ao seu período como prefeito de São Paulo durante a campanha presidencial. "Ele sempre escapa para sua experiência no Ministério da Educação, para suas bondades. Mas ele apenas cumpriu políticas públicas definidas pelo presidente da República. E deixou duas mil obras de creches inacabadas e um rombo no Fies", disse Kátia. Em outro ataque ao PT, Kátia Abreu, que foi contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ressaltou que a Operação Lava Jato continuará depois do primeiro turno, com mais investigações.

"Há uma aversão ao PT por conta das denúncias de corrupção, muitos estão sendo investigados e alguns condenados. Essa lembrança vai persistir no segundo turno. A Lava Jato não acaba no dia 7 de outubro. Curitiba não vai dar paz ao PT. É esse país que queremos?", questionou.

Terceira via

A candidata Ana Amélia (PP), vice da chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), buscou emplacar a candidatura tucana como a terceira via de uma disputa. "Geraldo Alckmin é a terceira via, pelo seu poder moderador, pela convergência ao centro", disse a vice do tucano. "Os desafios para 2019 são gigantescos e, sem essa capacidade de articulação (de Alckmin), o que nos espera é uma situação bastante complicada." A declaração de Ana Amélia, posicionando Alckmin como a terceira via, vai na contramão do histórico do PSDB em disputas presidenciais. Desde 1994, o partido tem polarizado com PT, sempre ficando em primeiro ou segundo lugar. Ana Amélia evitou falar em um cenário de segundo turno sem a presença do tucano, apesar do candidato não ter conseguido se aproximar da segunda colocação, hoje ocupada por Haddad. Ela minimizou as pesquisas e considerou que a campanha ainda está em aberto. "O segundo turno não está definido, só será definido no dia 7 de outubro. Não trabalhamos com essa hipótese [estar fora do segundo turno]. Se as pesquisas definissem a eleição, nós apenas consultaríamos Datafolha e Ibope", disse a candidata, após ter questionada sobre quem a chapa apoiaria em um eventual segundo turno entre Haddad e Bolsonaro. A vice de Alckmin, que pouco falou sobre Bolsonaro, preferiu mirar seus ataques no PT. Após a vice de Haddad afirmar que o juiz Sergio Moro tem motivações políticas, Ana Amélia disse que esta afirmação era preocupante, porque coloca em risco as investigações em caso de vitória do PT. "Eu temo pelo futuro da Lava Jato, a depender do resultado da eleição", disse.

Combate à desigualdade

A candidata Manuela D'Ávila (PCdoB), da chapa de Fernando Haddad (PT), buscou apresentar o candidato petista como alguém "capaz de lidar com a divergência", após ter sido questionada sobre qual seria a sua reação em caso de impeachment de Haddad, se assumiria o governo ou renunciaria em solidariedade ao companheiro de chapa. "Haddad é o homem certo para governar o País, com desenvolvimento com combate à desigualdade. Representamos a retomada do investimento público. Haddad tem tranquilidade e capacidade para lidar com a divergência", disse a vice do petista. "Como enfrentar crises com truculência, com ódio? Tratando mulheres e homens diferentes, negros e brancos diferentes? Não dá", afirmou. Antes de responder à pergunta sobre um possível impeachment de Haddad, Manuela chegou a se referir ao questionamento como uma piada, mas se corrigiu logo em seguida. "Achei a piada, quer dizer, a pergunta, engraçadíssima", afirmou a vice de Haddad, que reiterou na sua resposta que não há hipótese de impeachment em um novo governo petista. Manuela também comentou a última pesquisa Ibope, que foi divulgada ontem e mostrou estagnação de Haddad com 21%, enquanto Jair Bolsonaro subiu 4 pontos, para 31%. Segundo ela, "as pesquisas sempre mostram oscilação". "O que estamos vendo é que o segundo turno terá muita competição. A primeira disputa se dará entre tomar um rumo democrático ou não, se um projeto de país com desenvolvimento e justiça social, ou um projeto que trata homens e mulheres diferentes, negros e brancos diferentes", ressaltou. A vice de Haddad também reforçou a narrativa petista de que os governos do PT foram os que mais fortaleceram os instrumentos de combate à corrupção e acrescentou que, se o partido voltar ao poder, serão criados mecanismos para também evitar a corrupção. Apesar disso, ela afirmou que a Lava Jato tem abusos. "Não há um brasileiro que não perceba motivação política do juiz Sergio Moro", declarou. 

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