11 de setembro de 2014 | 13h42
RIO - Se formassem um Estado, os 7,5 milhões de eleitores que moram em favelas constituiriam o sétimo maior colégio eleitoral do País (5% do eleitorado nacional), à frente do Ceará (com 6,2 milhões de eleitores, segundo o Tribunal Superior Eleitoral) e atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná. O Instituto Data Popular traçou um perfil dos eleitores de favelas. Concluiu que eles consideram que, nos últimos anos, melhoraram de vida por meios próprios e em proporção maior que o País. Agora, miram no futuro.
"Esta é uma eleição de futuro e não mais de legado. O novo eleitor da favela está mais interessado em saber quem vai garantir um futuro melhor para ele", disse Renato Meirelles, presidente do Data Popular, instituto privado que se dedica a estudos e pesquisas sobre as populações de baixa renda.
Os moradores de favelas - que de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) são 11 milhões - passaram a entender que os serviços públicos não são um favor oferecido pelo governo, mas uma contrapartida pelo pagamento de impostos. "São eleitores mais exigentes e críticos aos serviços públicos", afirmou o especialista.
Essas pessoas, conforme o perfil preparado pela instituição, consideram que "educação é o item mais importante para vencer na vida", seguida por saúde e segurança. Por outro lado, rejeitam políticos com discursos que não entendem, que não se aproximam do dia a dia e que fazem acusações diretas contra os adversários.
"Eles não querem alguém que simplesmente tire o lugar do outro candidato, mas que possa resolver a vida deles. Querem mudança e não alternância."
Sobre a economia, os moradores de favela sonham em ser empreendedores - somente este ano, movimentarão R$ 64,5 bilhões. Para isso, precisam de financiamento e capacitação específicos para a realidade da favela. Como exemplo, Meirelles cita que a moradia também pode ser usada como fonte de renda pela integração entre o lar e o negócio próprio.
"A favela tem um sistema econômico próprio, colaborativo, que faz com que as famílias não queiram sair do bairro (dois terços não deixariam a favela nem se a renda dobrasse). Não querem remoções, mas melhorias nos serviços públicos."
Em relação à religião, Meirelles explica que "a identificação com os valores do candidato" pesa mais para o eleitor da favela do que a indicação de um líder ou o fato de serem "irmãos de fé".
Jovens. O Data Popular também levantou dados sobre as preferências eleitorais de jovens - 45 milhões de pessoas, que representam 33% do eleitorado. Apesar de demonstrarem otimismo em relação ao futuro pessoal, 63% acreditam "que o Brasil não está no caminho certo". De acordo com o estudo, sete em cada dez jovens, porém, diziam ter certeza que o "voto pode mudar o País".
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