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Eleições brasileiras impressionam observadores internacionais

'O Brasil dispõe de um processo moderno, sofisticado e transparente', disse representante de Angola

Por Wladmir D'Andrade e da Agência Estado
Atualização:

Observadores internacionais que acompanham as eleições municipais no Brasil disseram neste domingo, 5, estar impressionados com o que viram. Julia Ferreira, da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola, elogiou "o nível de organização" do sistema eleitoral brasileiro. Veja também: Confira as imagens da votação pelo Brasil Cobertura completa das eleições 2008 "O Brasil dispõe de um processo moderno, sofisticado e transparente", disse. Ela destacou "a confiabilidade" das eleições no Brasil. "Notei poucos fiscais de partidos nas seções eleitorais que visitei, o que demonstra a confiança deles no sistema", afirmou. Para ela, além da credibilidade dos eleitores no pleito, é muito importante que a votação não deixe dúvidas para que os candidatos derrotados aceitem os resultados. Ela contou que, em Angola, uma guerra civil começou depois que partidários derrotados nas eleições de 1992 questionaram a lisura dos resultados. Julia disse que o país só voltou a ter eleições dez anos depois do início do conflito armado. E para que isso ocorresse, foi preciso que o sistema eleitoral angolano fosse construído desde o início, em conjunto com os partidos políticos. Segundo ela, os representantes das legendas têm assento assegurado no CNE, órgão responsável pelas eleições angolanas. Em razão disso, afirmou, as eleições de 2002 ocorreram normalmente. Uma empresa espanhola foi contratada pelo governo do país africano para fornecer todo o material de votação e o resultado da escolha dos representantes legislativos do país saiu oito dias depois. Segundo ela, o grande vencedor foi o MPLA, que conseguiu 191 das 220 cadeiras em disputa. Para Julia, após anos de guerra civil, Angola necessita agora consolidar o processo eleitoral no país. Julia afirmou que o CNE fez um trabalho "cívico, paulatino" com a população, para que "o fantasma da guerra na cabeça do cidadão fosse eliminado". "Queremos que a população encare as eleições com naturalidade", afirmou. Ela disse ainda que Angola deverá ter "um dia", um sistema de votação eletrônico. "O futuro aponta para isso". Argentinos O visitante mais entusiasmado com o sistema de votação no Brasil era o assessor da Subsecretaria de Assuntos Políticos e eleitorais do Ministério do Interior da argentina, Carlos Herbón. "Sou um apaixonado pelo sistema eleitoral brasileiro", disse. Para ele, o que mais chamou atenção foi a grandeza das eleições no País. "Só a cidade de São Paulo tem mais eleitores que a província de Buenos Aires inteira, que tem aproximadamente 12 milhões de eleitores." Em seu país, apenas algumas cidades já adotaram voto eletrônico. Segundo Herbón, a urna eletrônica é utilizada somente onde a legislação local aprovou esse tipo de votação. Na Argentina, disse, não há uma lei nacional que permite o voto eletrônico, porém, existe uma comissão que estuda atualmente a adoção do sistema em todo o país. Mas Herbón não quis dar uma previsão de quando o novo sistema estará consolidado em toda a Argentina. O diretor-geral eleitoral de governo da cidade de Buenos Aires, Julian Curi, afirmou que há apoio da população ao voto eletrônico, mas "existem resistência políticas". Ele disse que para o Brasil, em razão das grandes distâncias, a votação eletrônica é vital, diferente da Argentina. Ele afirmou que a apuração total dos votos é concluída em poucos dias, no caso da capital argentina, em no máximo 72 horas. No entanto, afirmou, o virtual vencedor é conhecido poucas horas depois do encerramento da votação por meio de pesquisas boca-de-urna. Os dois argentinos exaltaram a velocidade da divulgação do resultado no Brasil usando como exemplo a demora na contagem dos votos das eleições legislativas argentinas no ano passado. Na ocasião, segundo Herbón, deputados provinciais de Buenos Aires que deveriam assumir seus cargos em 10 de dezembro não tomaram posse na data prevista porque não havia sido sinalizada a contagem dos votos da eleição ocorrida em 28 de outubro. "Com eleições eletrônicas, evitaríamos problemas como este", afirmou Herbón.

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