Economistas reforçam planos de governo dos candidatos

Ao menos cinco partidos devem contar com esses profissionais para formular propostas e rumos do governo

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Por Pedro Venceslau , Ricardo Galhardo e Bianca Gomes
Atualização:

Enquanto a Prefeitura de São Paulo prevê uma perda de arrecadação de até 15% provocada pela pandemia do novo coronavírus, pré-candidatos apostam em economistas para formular seus planos de governo. Ao menos cinco campanhas devem contar com esses profissionais para elaborar as propostas aos eleitores.

A legislação prevê que os candidatos entreguem uma carta-programa no momento do registro da candidatura, que pode ser feito até 26 de setembro. O documento serve para apresentar os principais pontos de um eventual programa de governo.

Ex-secretário nacional da Receita Federal, Marcos Cintra vai formular o plano de governo deJoice Hasselmann (PSL) Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Entre os economistas que devem coordenar os planos estão dois egressos do governo Jair Bolsonaro. Joice Hasselmann (PSL) delegou a tarefa ao ex-secretário da Receita Federal, o economista Marcos Cintra. Ele foi demitido em setembro do ano passado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, por defender a criação de um imposto similar à CPMF. Ao apresentá-lo, nesta semana, Joice disse que Cintra seria seu “Posto Ipiranga”, numa referência à forma como Bolsonaro trata Guedes. 

Ex-diretora na Secretaria de Desestatização do Ministério da Economia, a economista Marina Helena Cunha Santos vai assinar o plano de governo do pré-candidato do Novo, Filipe Sabará, de quem será vice.

O PSOL, que oficializou a candidatura de Guilherme Boulos, escolheu a economista Camila de Caso, que deve apresentar até o fim da próxima semana a versão final de seu programa. 

Algumas propostas como a do gabinete itinerante e da renda básica municipal já foram adiantadas pelo próprio candidato. “O programa acabou criando um potencial de mobilização”, disse.

Completam a lista de economistas responsáveis pelas diretrizes das campanhas Arilton Teixeira, escolhido para compor o time de Arthur do Val (Patriotas), e Fabrício Cobra Arbex, que trabalhará com o prefeito Bruno Covas (PSDB)

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Discrição

O PSDB deve adotar uma postura mais discreta em relação à campanha de João Doria à Prefeitura em 2016. Na época, Doria alugou uma casa para sediar a equipe do plano e fez entrevistas coletivas para anunciar cada novo integrante. 

A função, este ano, caberia ao ex-governador Geraldo Alckmin. O tucano, porém, declinou do convite no fim de julho, após ter sido indiciado pela Polícia Federal por caixa 2 – ele nega o crime. Seu substituto, Arbex, é secretário adjunto de gestão do município e deve trabalhar em parceria com Vívian Satiro, especialista em Administração Pública. “Iremos fazer reuniões com a militância, sociedade e especialistas para colher sugestões e experiências”, disse Wilson Pedroso, coordenador da pré-campanha de Covas.

O perfil discreto também foi adotado por outros partidos. O PT escolheu como coordenador do plano de governo de Jilmar Tatto o advogado Luciano Barbosa, ex-chefe de gabinete de Rui Falcão na Assembleia Legislativa. Barbosa disse que contou com a ajuda do ex-prefeito Fernando Haddad, que atuou como consultor.

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“Vamos usar as propostas para disputar os votos da cidade”, disse Barbosa. A última versão do texto, que será submetida quarta-feira ao diretório municipal do PT, tem mais de 130 páginas. 

O ex-governador Márcio França (PSB) delegou a tarefa ao seu coordenador jurídico, Anderson Pomini, que foi secretário de Negócios da capital no governo Doria. “Nosso programa tem 120 laudas, mas vamos protocolar as 40 metas principais”, afirmou. 

No Republicanos, do deputado federal Celso Russomanno, a responsabilidade é de Marcos Alcântara, que acumula as funções de presidente municipal do partido, coordenador político, porta-voz e estrategista.

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Veja quem são os coordenadores dos planos de governo

  1. Bruno Covas (PSDB): Fabrício Cobra (PSDB), advogado e economista, é secretário adjunto de gestão da prefeitura de São Paulo
  2. Márcio França (PSB): Anderson Pomini, advogado, ex-secretário de Negócios Jurídicos da capital na gestão João Doria
  3. Joice Hasselmann (PSL): Marcos Cintra (PSL), economista, foi secretário da Receita de Bolsonaro
  4. Filipe Sabará (Novo): Marina Helena Cunha Santos, candidata a vice, economista foi diretora do Programa de Desestatização na Secretaria de Desestatização do Ministério da Economia, de Paulo Guedes.
  5. Guilherme Boulos (Psol): Camila de Caso, economista da bancada do Psol na Câmara
  6. Jilmar Tatto (PT): Luciano Barbosa
  7. Orlando Silva (PCdoB): Ricardo Layser, cientista social foi ministro do Esporte de Dilma Rousseff
  8. Levy Fidelix (PRTB): o próprio candidato fez o plano. 
  9. Celso Russomanno (Republicanos): Marcos Alcântara, presidente municipal do partido 
  10. Andrea Matarazzo (PSD): Rubens Figueiredo, cientista político pela USP e diretor da consultoria Cepac
  11. Eduardo Jorge (PV): Roberto Tripolli, candidato a vice e ambientalista
  12. Marcos da Costa (PTB): Hélio Dias, professor Livre-Docente pela USP
  13. Arthur do Val (Patriotas): Arilton Teixeira, economista
  14. Vivian Mendes (UP):Não há um coordenador. Partido está fazendo um processo coletivo de construção
  15. Vera Lúcia (PSTU): Antonio Nizuma Shimabukuko, Erika Andreassy, pesquisadora do Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos,Altino Prazeres, coordenador do Sindicato dos metroviários de São Paulo, e Fábio Bosco, candidato a prefeito pelo PSTU em 2000
  16. Antonio Carlos Mazzeo (PCB): Construção coletiva. Ao todo, há 30 pessoas envolvidas
  17. Ribas Paiva (PTC): não informaram

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