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'É pouco provável que saraivada sobre presidente tenha efeito'

Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Na largada para a última semana de campanha, Dilma Rousseff decidiu aproveitar o debate da TV Record para manter a bem sucedida estratégia de desconstrução da imagem de Marina Silva. Com isso, pretende abrir a maior vantagem possível sobre a adversária no 1º turno e chegar ao segundo turno com uma frente que dificilmente poderia ser revertida em curto tempo. Dilma escolheu para sua primeira pergunta no debate justamente Marina. Criticou as mudanças de partido da adversáriae disse que ela não falava a verdade quando não assumia ter votado contra a manutenção da CPMF. Talvez tenha sido o único momento de tranqüilidade da presidente. A partir daí, passou a ser o alvo de praticamente todos os adversários, especialmente em relação às denúncias de corrupção na Petrobrás, e teve dificuldades para administrar suas respostas. A maior surpresa foi ter gasto sua pergunta para Aécio Neves abordando exatamente a hipótese de privatização da estatal em caso de vitória do tucano. O tucano não perdeu a deixa e usou o tempo para associar novas denúncias da Petrobrás à campanha da petista. A presidente foi atacada até mesmo pelos candidatos nanicos, que também exploraram o tema corrupção. A saraivada de críticas foi tão forte que Dilma pediu direito de resposta por três vezes apenas no primeiro bloco e foi atendida uma vez. Durante uma pergunta de Marina sobre uso do etanol acabou preferindo responder à críticas feitas por outros adversários em debates que não lhe incluíram. Com apenas uma semana para o fim da campanha no 1º turno, é pouco provável que apenas um debate cause prejuízos ou alavanque alguma campanha. Na verdade, todos os debates até agora provocaram pouco ou nenhum efeito sobre a opinião pública. Mas na sua tática de desconstrução de Marina, Dilma, dessa vez, passou longe do sucesso. Pior: não conseguiu tirar os escândalos da Petrobrás do centro das discussões. Precisou falar várias vezes sobre a defesa das investigações. A seu favor Dilma tem, porém, uma confortável vantagem sobre os demais postulantes ao Planalto. É essa blindagem política que ajuda a candidata a não sofrer um impacto significativo dos ataques recebidos no domingo.

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