SÃO PAULO - Ainda é cedo para saber quem serão os maiores beneficiados pela desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, do pleito presidencial, mas a eleição perdeu sua grande 'novidade', avaliou a diretora-executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari. Segundo ela, a maioria dos eleitores ainda não começou a se interessar pela disputa desse ano e os partidos não começaram a afunilar as candidaturas, o que significa que a disputa continua muito aberta.
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"Não dá pra saber, a priori, o potencial de votos que de fato Barbosa teria ou os beneficiados (com sua retirada), até porque ele nunca foi testado e ainda era relativamente desconhecido", disse Cavallari em entrevista ao Estadão/Broadcast.
A diretora-executiva lembra que, no momento, apenas um terço do eleitorado disse demonstrar algum interesse na eleição e que os simpatizantes do jurista se concentravam justamente nos segmentos de maior escolaridade e renda, que já acompanham a política cotidianamente. Ou seja, dois terços da população ainda precisariam ser 'relembrados' sobre quem foi Barbosa. "O nível de reconhecimento dele ainda é pequeno, ele ainda tinha um trabalho de resgatar sua imagem", disse.
Olhando para os cenários com e sem a presença do ex-ministro na última pesquisa da casa, por outro lado, Cavallari nota que a presença de Barbosa retira mais intenção de votos de Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB), nesta ordem. O que significaria, em teoria, que esses candidatos estariam entre os mais beneficiados com a desistência do pessebista. A preferência pelo ex-presidente Lula é pouco afetada pela inclusão ou não do ex-ministro no pleito.
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Outro fator determinante e que passa ao largo da desistência de Barbosa, diz a diretora do Ibope, é a grande quantidade de pré-candidaturas ainda em discussão. "O voto está muito pulverizado ainda, passa pela estratégia dos próprios políticos se coligar e agregá-lo votou ou continuar como está" notou.
Novidade Filiado ao PSB no final de abril, Barbosa agitou o cenário político nas últimas semanas ao somar até 10% de intenção de voto nas pesquisas de opinião mais recentes, dependendo do cenário testado. A sua desistência, diz Cavallari, tira do eleitor a única chance de votar em alguém viável e que poderia se apresentar como uma 'novidade', alguém de fora da política. "Como sabe, existe um grande desejo de mudança na população, mas a novidade agora está saindo de cena", avaliou.
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A diretora-executiva do Ibope minimizou de outros pré-candidatos que poderiam preencher esse perfil, como João Amoedo (Novo), Flávio Rocha (PRB) e Paulo Rabello de Castro (PSC). "Caso eles realmente concorram, a grande dificuldade é a de se tornar conhecido em uma campanha que vai ser super curta. Barbosa era mais conhecido, foi do STF, participou do julgamento do mensalão, esse resgate seria mais rápido", disse.