Autoproclamado “gestor” na disputa pela Prefeitura de São Paulo, João Doria (PSDB) chega às vésperas do primeiro turno com o maior déficit na contabilidade de campanha entre os 493 mil candidatos que prestaram contas parciais. A diferença entre o que o tucano arrecadou e o quanto contratou de despesas é, por ora, de R$ 6,3 milhões. O segundo maior “buraco” contábil é de seu rival petista, o prefeito Fernando Haddad: R$ 5,8 milhões.
Nem todos os candidatos a prefeito paulistano estão “no vermelho”. Marta Suplicy (PMDB) tem superávit de R$ 1,2 milhão, Celso Russomanno (PRB) arrecadou R$ 800 mil mais do que empenhou nas despesas e Luiza Erundina (PSOL) está R$ 70 mil “no azul”.
Doria declarou ter recebido R$ 6,3 milhões em doações por enquanto, mas já se comprometeu a pagar R$ 13 milhões a seus fornecedores. A maior parte das despesas da campanha do candidato do PSDB é com a empresa de marketing político Confirma 3 Comunicação Limitada (R$ 8,3 milhões), criada em julho pelo publicitário Lula Guimarães. Outro credor importante é o Ipespe (R$ 1,1 milhão), do especialista em pesquisas Antonio Lavareda.
O resto das despesas vai para empresas de propaganda, comunicação e segurança, gráficas, advogados e aliados políticos. Doria ajudou a custear a campanha de ao menos 11 candidatos a vereador e doou recursos para PTN, PV e PSDB.
Doria é seu maior financiador. Doou R$ 2,9 milhões para sua campanha. Depois aparecem a Direção Nacional do PSDB (R$ 1,5 milhão) e algumas pessoas físicas, como o sócio e CEO da Multilaser, Renato Feder (R$ 120 mil). Coincidência ou não, Feder foi entrevistado pelo programa de TV Show Business logo após Doria deixar seu comando para ser candidato.
A assessoria do tucano afirmou que Doria havia estimado desde o início da corrida eleitoral gastar R$ 20 milhões na sua campanha e, caso o total doado pelo partido e por terceiros não atinja esse montante, ele usará parte de seu patrimônio para cobrir as despesas restantes. O tucano declarou patrimônio de R$ 180 milhões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
PT. Do lado do candidato à reeleição pelo PT, a maior despesa contratada por Haddad até agora foi com a empresa individual F5BI (R$ 2,1 milhões). Segundo a assessoria da campanha, trata-se de produtora de vídeo. O administrador da empresa registrado na Junta Comercial é o publicitário Giovane Favieri, que foi citado como testemunha de defesa do empresário José Carlos Bumlai no âmbito das investigações da Lava Jato.
Os outros principais credores do petista são a empresa de comunicação Analítica, Amaral e Associados Limitada (R$ 650 mil), a Mar-Mar Gráfica e Editora (R$ 650 mil), entre outras gráficas, empresas de comunicação, marketing e advogados. Seus gastos são muito mais pulverizados do que os do tucano, com dezenas de pessoas físicas entre os credores.
A Direção Municipal do PT é a principal doadora da campanha, com R$ 1,8 milhão. A seguir aparecem pessoas físicas, com destaque para o empresário e político Walfrido dos Mares Guia (R$ 300 mil). Como Haddad, ele foi ministro do governo Lula e é um dos principais sócios da Kroton, maior grupo empresarial do setor de Educação do País e maior recebedora de recursos federais do Financiamento Estudantil (Fies).
Segundo a assessoria da campanha de Haddad, “o processo eleitoral está em curso, assim como o processo de arrecadação da campanha junto a pessoas físicas, que obedece às regras do TSE”. Segundo ela, uma série de doadores se comprometeu a fazer suas doações nas próximas semanas e a campanha “irá honrar seus compromissos”.
