
30 de agosto de 2013 | 02h20
BRASÍLIA - Poupado por colegas de Câmara, o deputado Natan Donadon (sem partido-RO) corre agora o risco de ser punido pela direção do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. E o parlamentar pode pagar justamente por ter falado demais ao fazer sua defesa no plenário, na sessão da noite de quarta-feira.
Em seu discurso de 40 minutos, Donadon abordou um episódio que havia ocorrido algumas horas antes: a falta d'água para o banho, em sua cela, quando se preparava para ir à Camara. Era uma tentativa de sensibilizar os seus pares em plenário. Não se sabe o quanto isso influenciou no resultado. Mas ao contar que recebeu garrafas d'água de colegas de outra cela para terminar a higiene pessoal e chegar limpo ao plenário, o deputado confessou inadvertidamente uma falta disciplinar - pelo regimento da Papuda, é proibido que presos troquem objetos, seja qual for o motivo.
Donadon começou a cumprir, em junho, a pena de 13 anos de prisão por desviar verbas da Assembleia de Rondônia quando ainda era deputado estadual.
O procedimento disciplinar interno do presídio de Brasília deve ser concluído em 60 dias.
Donadon já está isolado em uma cela e pode ficar sem direito a receber visitas por 30 dias, como explicou um funcionário da Papuda que pediu para não ter o seu nome revelado.
O incidente - a falta d'água na cela - se deveu ao rompimento de um encanamento, que afetou algumas alas do presídio. A situação só se normalizou às 17h30, pouco antes do início da sessão em que se votaria a cassação do parlamentar, marcada para as 19h.
Donadon está numa cela individual e o único acesso possível a outros presos seria através de uma janela que fica na própria porta. A direção do presídio acredita que, através de uma corda de lençóis apelidada de "teresa", o deputado teria recebido as garrafas d'água dos presos próximos para terminar a higiene pessoal. "É possível que os colegas tenham passado de uma cela para outra", concluiu o funcionário.
Comida. No plenário, Donadon também reclamou da alimentação na Papuda - "Lá não é marmitex, é chamado de xepa. Não é de boa qualidade. Eu também sinto isso, tenho síndrome de intestino irritado", reclamou - e disse que o problema era uma demanda de seus colegas de presídio.
Segundo o funcionário do presídio que falou sob a condição de não ser identificado, a comida "não é igual à da Câmara dos Deputados, mas também não é tão ruim assim".
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