Diretor de jornal da Baixada Fluminense é assassinado a tiros

José Roberto Lemos atuava em publicação de Nova Iguaçu (RJ) que denunciava crimes e corrupção na região

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Por Marcelo Gomes e Rio
Atualização:

O jornalista José Roberto Ornelas de Lemos, de 45 anos, diretor do jornal Hora H, que circula na Baixada Fluminense, foi assassinado na noite de terça-feira, em Nova Iguaçu, com 44 tiros. A principal linha de investigação da polícia é que o crime pode ter sido motivado pela linha editorial da publicação. O jornal, de perfil popular, é conhecido por suas denúncias de crimes contra policiais e bandidos, além de supostos casos de corrupção na região. O jornalista foi executado por volta das 20h30, enquanto tomava cerveja em uma padaria no bairro do Corumbá. "Não descartamos nenhuma hipótese, mas a principal delas é que Lemos possa ter sido morto por conta do perfil combativo do jornal que administrava", disse o delegado Marcos Henrique de Oliveira Alves, da 58.ª Delegacia de Polícia (Posse). Parentes do jornalista concordam com a hipótese. "O jornal é bastante polêmico. Fala mal de polícia, de bandido e de político. As ameaças contra ele eram frequentes. Havia sempre carros suspeitos rondando por perto", lembrou Luciano Ornelas de Lemos, irmão da vítima. A edição do Hora H de ontem nada publicou sobre a morte de seu administrador, ocorrida na mesma hora em que o jornal encerra os trabalhos.Três pessoas que testemunharam o crime, na padaria, contaram à polícia que Lemos estava no balcão, de costas para a rua, no momento em que um Gol prata, ocupado por quatro homens encapuzados, estacionou na calçada em frente. De dentro do veículo, os homens abriram fogo contra a vítima e fugiram em seguida. Lemos chegou a ser levado ao Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, mas chegou já sem vida ao local. A polícia está analisando, desde ontem, as imagens das câmeras de segurança da padaria para tentar identificar os atiradores. O comércio nas proximidades ficou fechado durante a manhã de ontem, mas ainda era possível ver marcas de sangue na calçada. Na hora do crime, Lemos levava na cintura uma pistola calibre 380, mas não teve tempo de reagir. A polícia já sabe que a arma está registrada em nome de uma pessoa jurídica. O delegado disse que vai averiguar, com a Polícia Federal, se ele tinha porte de arma.Prisão. Em 2003, Lemos chegou a ser preso preventivamente, acusado de envolvimento no assassinato de Kenedi Jaime de Souza Freitas, de 52 anos, então presidente da Comissão de Licitação da Prefeitura de São João de Meriti, na Baixada. O crime, ocorrido em 2002, estaria ligado a uma disputa por contratos de coleta de lixo sem licitação no município. O jornalista foi acusado de ter arregimentado os executores, mas foi absolvido. Segundo a Polícia, Lemos já foi investigado em outros três inquéritos de homicídios, ocorridos em 1992, 1993 e 1994. Todos foram arquivados.O corpo de Lemos será velado nesta tarde em Nova Iguaçu. O enterro será no cemitério do município de Paracambi, também na Baixada Fluminense.

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