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Dilma pensa em 2º tempo da reforma sem o PSB

Com provável candidatura do governador Eduardo Campos, partido deixará pastas

Por Debora Bergamasco e JOÃO VILLAVERDE/ BRASÍLIA
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff tem no radar mais uma minirreforma ministerial, desta vez para o segundo semestre, a fim de preencher as janelas que poderão ser deixadas pelo PSB caso o partido decida lançar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência em 2014 e rompa com o governo. Legendas da base aliada já se movimentam para emplacar indicações e assim aumentar seu quinhão.O PSB ocupa hoje o comando do Ministério da Integração Nacional, da Secretaria Especial dos Portos, da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).A pasta da Integração, comandada por Fernando Bezerra Coelho, é uma das mais cobiçadas de toda a Esplanada por ser executora de obras e contar com orçamento de R$ 7,5 bilhões quase que exclusivamente para investimentos no Norte e Nordeste.O partido presidido por Eduardo Campos tem também a Secretaria dos Portos, que ganhou musculatura nos últimos meses com a reforma empreendida pelo governo Dilma Rousseff no setor, por meio da Medida Provisória (MP) 595. Cabe à secretaria, comandada pelo ministro Leônidas Cristino (PSB), ligado ao governador do Ceará, Cid Gomes, coordenar a abertura dos portos à iniciativa privada e à gestão dos terminais públicos.Finalmente, a Sudeco gerencia um fundo de financiamento para o Centro-Oeste - e, portanto, trabalha em coordenação com o Ministério de Integração Nacional - e a Chesf é uma empresa do gigante grupo estatal de energia Eletrobras.A estratégia do Palácio do Planalto já foi percebida por caciques dos partidos da base mesmo sem ser efetivamente comunicada. Um dirigente do PMDB afirmou ao Estado que, com a porta fechada para ocupar o espaço de vice-presidente no lugar de Michel Temer (PMDB), resta a Eduardo Campos deixar a base, e, com isso os postos no governo. "Já sabemos que haverá uma janela em setembro, quando o PSB deixar o governo, então não há porque exigir mais espaço agora", admitiu o peemedebista.O PMDB está na fase de "relembrar" a Dilma sobre o quanto seus quadros estão sendo fiéis ao governo dela, de insinuar que mais espaço à legenda poderia ser proveitoso para azeitar ainda mais a relação entre as duas legendas para a disputa de 2014.Um outro líder peemedebista avaliou que sua agremiação é uma herdeira natural das vagas do PSB porque "se formou uma nova correlação de forças do PMDB no Senado". Essa fonte argumenta que hoje comissões caras ao governo federal, como a de Constituição e Justiça (CCJ), a de Relações Exteriores e a de Assuntos Sociais, são todas comandadas pelo PMDB. "E até agora não exigimos nenhum cargo", disse, dando sinais de que a fatura ainda será emitida.A mesma lógica funciona para outros partidos da base que têm dado demonstrações de que podem migrar para a candidatura de Eduardo Campos em 2014, como é o caso do PDT, que hoje controla o Ministério do Trabalho. O jogo funciona também para o PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab, que deve receber o novo ministério da Micro e Pequena Empresa ainda neste mês, mas ainda não deixou claro se a indicação de Guilherme Afif Domingos (PSD) será suficiente para assegurar o apoio - e o tempo de TV do partido - para 2014.O Planalto avalia que o PSB vai esticar a corda até, no máximo, setembro. Um prazo além disso poderia atrasar o plano de Campos de se tornar conhecido nacionalmente. O governador já está percorrendo escritórios dos maiores empresários do Brasil.

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