Dilma fala em ampliar categorias na CLT

Em ato na CUT, presidente promete incluir novas classes na legislação trabalhista

Por Ricardo Galhardo e Carla Araujo
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No primeiro evento de campanha em São Paulo desde o início oficial da disputa eleitoral a presidente Dilma Rousseff provocou o adversário Aécio Neves (PSDB) ao dizer que não vai flexibilizar direitos trabalhistas caso seja reeleita. Ao falar para uma plateia formada por mais de 600 sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Dilma prometeu ampliar o número de categorias profissionais contempladas pela legislação trabalhista, a exemplo do que o governo fez ao aprovar a PEC das domésticas. "Nós não temos de ficar achando entre aspas que 'vou adaptar direitos trabalhistas'. Adaptar direitos trabalhistas, não (vou) mesmo. O que nós temos que fazer é, cada vez mais, garantir que mais categorias tenham direitos a exemplo das empregadas domésticas. Isso é mudar no bom sentido, porque existe mudar no mau sentido, que é falar 'vou flexibilizar'", prometeu a presidente. Em abril, Aécio admitiu flexibilizar os direitos para o setor do turismo, que é sazonal. Depois, após a repercussão negativa, o candidato tucano voltou atrás e classificou os direitos trabalhistas como "inegociáveis". Dilma fez um discurso sob medida para o público que participava da 14.ª Plenária Nacional da CUT. Além de garantir que não vai flexibilizar direitos, ela prometeu manter a política de valorização salarial iniciada no governo Luiz Inácio Lula da Silva, citou a manutenção do emprego como prioridade número um diante da crise financeira internacional e disse que não vai "trair" compromissos assumidos com suas "parcerias". Crises. A presidente usou o discurso trabalhista para demarcar suas diferenças em relação aos adversários, lembrando dos efeitos nocivos das crises internacionais sobre a economia brasileira e das medidas impopulares tomadas por antecessores. "Antes, tossiam lá fora que nos pegávamos uma pneumonia. Agora, temos remédios contra essas tosses e esse remédio não passa pelo desemprego", disse ela. "Não podemos deixar aqueles que sempre combateram as crises reduzindo salário, porque, na hora do vamos ver, a crise pode ser decorrente de desequilíbrio do sistema financeiro internacional, mas a culpa eles querem que seja do trabalhador", afirmou. Campanha. A presidente, geralmente reservada, protagonizou cenas típicas de campanha. Depois do discurso, ela desceu do palanque para cumprimentar os sindicalistas, separados por grades. "Ela vai descer, ela vai descer", anunciava o mestre de cerimônias. Antes de deixar o local do evento, em Guarulhos, a petista também cumprimentou as pessoas que a aguardavam na rua, mais uma vez separadas por grades, e sob as lentes da equipe que faz seus programas de TV. Além disso, Dilma fez outras promessas. Uma delas foi de reduzir as filas para agendamento de exames clínicos e consultas médicas no sistema público de saúde. Ela não disse como fará a mudança. Outra foi a construção de mais 3 milhões de unidades do programa Minha Casa Minha Vida. Os 630 delegados da plenária da CUT aprovaram, em votação simbólica, apoio da central à candidatura da petista. No dia 7 de agosto Dilma e o ex-presidente Lula vão participar de um evento com representantes de todas as centrais sindicais no estádio do Canindé, em São Paulo. Na capital paulista, Dilma também voltou a instigar o governador Geraldo Alckmin (PSDB), ao dizer que, ao contrário das previsões pessimistas em relação ao fornecimento de energia elétrica durante a Copa do Mundo, o Estado está sob risco de racionamento de água. A presidente insistiu no discurso da "verdade contra o pessimismo", adotado desde o lançamento de sua candidatura pelo PT, em maio, e afirmou que existem setores no Brasil que "querem implantar um clima de quanto pior, melhor". Ela comemorou a realização da Copa do Mundo no País e citou o acesso da população de menor renda aos aeroportos. "Para nós é quanto melhor, mais futuro", disse Dilma, ao lado de painéis com o slogan da campanha: "Mais mudança. Mais futuro".

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