Dilma diz que PT herdou 'situação ruim' e prevê 'novo ciclo' no País

Presidente concorda que País precisa de mudança em setores como a infraestrutura, mas sai em defesa de sua política econômica e critica pessimistas

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Erich Decat , Daiene Cardoso , Beatriz Bulla , Ricardo Della Coletta , Ricardo Brito , Bernardo Caram e Nivaldo Souza
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Brasília - A presidente Dilma Rousseff, afirmou na sabatina na Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizada na tarde desta quarta-feira, 30, que governo petista herdou um quadro ruim na capacidade do Estado de planejar ações na área de infraestrutura. "Nós somos herdeiros de uma situação ruim do ponto de vista público e privado", disse. Durante todo seu discurso, a presidente também voltou a criticar o "pessimismo" de alguns anilistas e chegou a fazer um apelo para que os empresários não se deixem envolver por "profecias pessimistas". Dilma disse que o ex-presidente Lula e ela encontraram um Estado sem projetos para executar. "O Brasil não tinha projeto executivo e básico, não tinha carteira de projetos." Segundo ela, a situação atual da economia permitirá ao Brasil entrar em um "novo ciclo". "Criamos as bases", complementou.

Segundo presidente, governo do PT criou bases para que Brasil possa entrar em "novo ciclo" Foto: ED FERREIRA/Estadão

A petista foi a terceira entrevistada da série de encontros realizada pela CNI para ouvir as propostas econômicas dos principais candidatos à Presidência. Na manhã e no início da tarde participaram o candidato do PSB, Eduardo Campos, e o candidato do PSDB, Aécio Neves. Dilma voltou a rebater o que ela define como "profecias pessimistas" e lembrou as previsões negativas feitas sobre a realização da Copa do Mundo no Brasil e sobre uma suposta crise no setor elétrico. "Expectativas pessimistas bloqueiam as realizações", disse. Segundo a presidente, o País conta atualmente com uma situação macroeconômica melhor. Referindo-se ao período em que o Brasil foi governado por Fernando Henrique Cardoso, Dilma disse que as reservas cambiais do País cresceram dez vezes desde então.Crise econômica. Em sua fala, a candidata à reeleição destilou uma série de ações e dados e, em tom provocativo, questionou os presentes como estaria a economia se o governo não tivesse tomado as decisões após a crise econômica mundial de 2008: "Como seria se não tivéssemos adotado as medidas anticíclicas? Em que situação estaria a nossa indústria?" A presidente afirmou que a desoneração da folha de pagamento para 56 setores produtivos, a mudança na tributação de bens de capital, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do automóvel e da linha branca e a mudança no Simples Nacional são a "verdadeira reforma tributária" - iniciativa que os antecessores dela na sabatina, Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), disseram que vão realizar logo no início do futuro mandato, caso eleitos. "Trata-se de uma verdadeira reforma tributária para esse seguimento empresarial majoritário no País", afirmou. Concessões. Questionada sobre os problemas na infraestrutura,Dilma também afirmou que não está "feliz" com a forma como os investimentos na área têm sido feitos nos últimos anos. Apesar da autocrítica, a presidente ressaltou que o governo petista retomou os aportes em infraestrutura que não existiam antes. "É preciso avançar ainda mais. Mesmo considerando que fomos o governo que mais investiu em concessão", afirmou. Dilma citou como exemplo o setor de rodovias, que realizou leilões de concessão para ampliar estradas. Segundo ela, as empresas agora são obrigadas a investir em até cinco anos e esta seria a principal diferença do modelo adotado pelo PT. "Não se fazia concessão para investir. Fazia-se para manter (rodovias antigas). O modelo era esse", disse. Por fim, a presidente comentou o cenário dos direitos trabalhistas e saiu em defesa do diálogo. "Queremos construir um marco regulatório do trabalho compatível com a economia do século 21. Deve estar, sim, estruturado em torno da negociação coletiva", afirmou.Ela também defendeu a terceirização, mas não deixou de mencionar a importância dos direitos dos trabalhadores. "Temos que simplificar as relações trabalhistas, mas tem algumas garantias que a Lei Trabalhista deu no Brasil que eu não acredito que nenhum setor tem as condições de rasgar, como 13º e horas extras".

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